Nome: John Wesley
Local do Nascimento: Epworth (Inglaterra)
Data do Nascimento: 17 de Junho de 1703
Data do Falecimento: 22 de março de 1791
Nome do Pai: Samuel Wesley (pastor Anglicano)
Nome da mãe: Suzana Wesley
Irmãos e irmãs: 18
John Wesley viveu na Inglaterra do século XVII, quando o cristianismo, em todas as suas denominações, estava definhando. Ao invés de influenciar, o cristianismo estava sendo influenciado, de maneira alarmante, pela apatia religiosa e pela degeneração moral. Dentre aqueles que não se conformavam com esse estado paralizante da religião cristã, sobressaiu-se John Wesley.
Primeiro, durante o tempo de estudante na Universidade de Oxford, depois como líder no meio do povo. John Wesley pertencia a uma família pastoral, que vivia em Epworth, numa região afastada de Londres. Em seu lar absorveu a seiva de um cristianismo genuíno. Ao entrar para a universidade, John Wesley não se deixou influenciar pelo ceticismo cínico e nem pela libertinagem. Como reação a isso formou. junto com outros poucos jovens, o chamado CLUBE SANTO.
Os adeptos dessa sociedade tinham a obrigação de dar um testemunho fiel da sua fé cristã, conforme as regras da Igreja Anglicana. Eram rígidos e regulares em suas expressões religiosas, no exercício de ordem espiritual e no auxílio aos pobres, aos doentes e aos presos. Por causa dessa regularidade, os demais companheiros da universidade zombavam e ridicularizavam os membros do CLUBE SANTO dando-lhes o apelido de METODISTAS.
Embora cumprisse fielmente a disciplina do “clube”, John Wesley não se sentia satisfeito. Durante anos lutou com esse sentimento de insatisfação até que em 24 de maio de 1738, na rua Aldersgate, em Londres, passou por uma experiência espiritual extraordinária, que é assim narrada em seu diário:
“Cerca das nove menos um quarto, enquanto ouvia a descrição que Lutero fazia sobre a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti que meu coração ardia de maneira estranha. Senti que, em verdade, eu confiava somente em Cristo para a salvação e que uma certeza me foi dada de que Ele havia tirado meus pecados, em verdade meus, e que me havia salvo da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todo meu poder por aqueles que, de uma meneira especial, me haviam perseguido e insultado. Então testifiquei diante de todos os presentes o que, pela primeira vez, sentia em meu coração”.
Para John Wesley, que era clérico da Igreja Anglicana, esse novo sentir não era como a conversão de um infiel a Cristo. Era um aprofundar na compreensão do que significa ser cristão.
O movimento metodista, por muitas décadas não se organizou em igreja. Na Inglaterra o movimento organizou-se em igreja somente pouco depois da morte de John Wesley em 22 de março de 1791. Sendo assim, o fundador do movimento metodista morreu Anglicano, sem nunca ter pertencido à Igreja Metodista.
Algumas frases célebres de John Wesley:
“Todo o metodista deve estar pronto a pregar (a palavra de Deus) e a morrer”
“… o cristianismo é essencialmente uma religião social; e reduzi-la tão só a uma expressão solitária é destruí-la.”
“O mundo é a minha paróquia.”
Trecho do Diário de John Wesley
Notas: relatando sua conversão
Dia 19 de maio de 1738, sexta-feira – Segunda, terça e quarta-feira, eu tive tristeza e peso contínuos em meu coração. Alguma coisa a respeito do qual eu descrevi, da maneira mais aberta que eu fui capaz, na seguinte carta a um amigo:
“Ó por que um Deus tão grandioso, tão sábio, tão santo iria usar um instrumento como eu? Senhor, ‘deixe os mortos enterrarem seus mortos!’ Mas irás tu enviar o morto para levantar o morto? Sim, tu enviaste aquele que tu irias enviar e mostrastes misericórdia, através daqueles a quem tu mostras misericórdia! Amém! Seja, então, feito de acordo com tua vontade! Se tu falas a palavra, Judas expulsa demônios”.
“Eu sinto o que você diz (embora não o suficiente), porque eu estou debaixo da mesma condenação. Eu vejo que toda a lei de Deus é santa, justa e boa. Eu sei que cada pensamento, cada temperamento de minha alma deve carregar a imagem e o endereço de Deus. Mas como eu estou caído da glória de Deus! ‘Eu fui vendido debaixo do pecado’. Eu sei que eu também não mereço nada, a não ser ira, estando cheio de todas as abominações e tendo nenhuma boa coisa em mim, para reconciliar-me com ele ou para remover a ira de Deus. Todas as minhas obras, minha retidão, minhas orações precisam reconciliar-se consigo mesmas. Assim minha boca está fechada. Eu não tenho nada para pleitear”.
“Deus é santo, eu não sou. Deus é um fogo ardente: eu sou um completo pecador, adequado para ser consumido. Ainda eu ouço uma voz (e não é a voz de Deus?) dizendo ‘Acredites, e tu serás salvo. Aquele que acreditou passou da morte para a vida. Deus, de tal maneira, amou o mundo que deu seu único Filho; e quem quer que acredite Nele não perecerá, mas terá a vida eterna’. Oh! Não permita que alguém nos engane, através de palavras vãs, como se nós já tivéssemos conseguido essa fé! Pelos frutos nós poderemos saber”.
“Nós ainda sentimos ‘paz com Deus’, e ‘alegria no Espírito Santo?’ ‘Esse Espírito testemunhou com nosso espírito que nós somos os filhos de Deus?’ Ai de mim, com o meu Ele não testemunha! Nem, eu temo, com o de vocês! Oh! Tu Salvador de homens salva-nos de confiar em alguma coisa, a não ser em Ti! Traze-nos a Ti! Permite-nos sermos esvaziados de nós mesmos e, então, enche-nos com toda a paz e alegria, por acreditar, e não permite que alguma coisa nos separe de teu amor, no tempo ou na eternidade”.
Dia 24 de maio de 1738, quarta-feira (dia de sua conversão) – Eu acredito que até, aproximadamente, dez anos de idade, eu não tinha pecado exterior, sendo “completamente lavado, no Espírito Santo”, que havia me sido dado, em meu batismo, e tendo sido estritamente educado e cuidadosamente ensinado que eu poderia apenas ser salvo “pela obediência universal, em guardar todos os mandamentos de Deus”, no qual eu fui, diligentemente, instruído. E essas instruções, tão longe quanto elas concernem às obrigações e pecados externos, eu agradavelmente recebi e freqüentemente ensinei a respeito. Mas tudo aquilo que falava de obediência e santidade interior, eu nunca entendi, nem me lembrei. De modo que eu estava, de fato, tão ignorante do verdadeiro significado da lei, quanto eu estava do Evangelho de Cristo.
Nos próximos seis ou sete anos, eu fui para a escola, onde limitações externas, tendo sido removidas, eu estava muito mais negligente do que antes; mesmo das obrigações externas e, quase continuamente, culpado dos pecados externos, que eu sabia serem tais, embora eles não fossem escandalosos aos olhos do mundo. Entretanto, eu ainda lia as Escrituras e fazia minhas orações de manhã e à noite. E o que eu agora esperava era ser salvo por isso: (a) Não sendo tão mau às outras pessoas; (b) tendo ainda uma religião benevolente; (c) Lendo a Bíblia, indo à igreja e orando.
Tendo sido enviado à Universidade por cinco anos, eu ainda fazia as minhas orações, em público e privado, e lia, juntamente com as Escrituras, diversos outros livros de religião, especialmente comentários do Novo Testamento. Embora eu não tivesse noção de santidade interior; não somente isso, eu seguia, continuamente e, para a maior parte, muito contente, em alguns e outros pecados conhecidos; de fato, com algumas intermissões e pequenos conflitos, especialmente, antes e depois da comunhão Santa que eu fui obrigado a receber, três vezes por ano. Eu não posso dizer ao certo o que eu esperava para ser salvo, até aquele momento, quando eu estava continuamente pecando contra aquela pequena luz que eu tinha; a menos por aqueles ajustes transitórios, os quais muitos clérigos ensinaram-me a chamar de “arrependimento”.
Quando eu estava com aproximadamente vinte e dois anos, meu pai pressionou-me a entrar para o clero. Nesse mesmo tempo, a providência de Deus dirigindo-me para Kempis e seu Modelo Cristão. Eu comecei a ver que a verdadeira religião situava-se no coração e que as Leis de Deus estendiam-se a todos os nossos pensamentos, tanto quanto palavras e ações. Eu estava, entretanto, muito zangado com Kempis, por ser tão rigoroso, embora eu tivesse lido dele apenas as traduções de Dean Stanhope. Ainda assim eu tive, freqüentemente, muito conforto em lê-lo, uma vez que eu era um total inexperiente a ele, antes; e encontrando, igualmente, com os amigos religiosos, os quais eu nunca tinha tido até aquele momento, eu comecei a modificar a forma total de minha conversa e a me posicionar com sinceridade para uma nova vida. Eu me colocava de lado, para uma ou duas horas de isolamento. Eu comunicava toda semana. E vigiava contra todo pecado, se em palavra ou ação, e comecei a objetivar e a orar por santidade interior. De modo que agora, “fazendo tanto e vivendo uma vida para o bem”, eu não duvidava que eu fosse um bom cristão.
Transferido logo depois para uma outra Faculdade, eu executei uma resolução, a qual eu estava antes convencido que fosse da mais extrema importância livrar-me de todo entendimento superficial, eu comecei a ver, mais e mais, o valor do tempo. Eu me dediquei, mais intimamente, ao estudo. Eu vigiei, mais cuidadosamente, contra os pecados atuais. Eu aconselhei outros a serem religiosos, de acordo com aquele método de religião pelo qual eu modelei minha própria vida. Mas encontrando-me agora com o Sr. Law, e sua Perfeição Cristã, e Chamado Sério (embora eu estivesse muito ofendido com muitas partes de ambos, ainda), eles me convenceram mais do que nunca da excelente altura, largura e profundidade da lei de Deus. A luz fluiu de maneira tão poderosa em minha alma que todas as coisas pareceram novas ao meu entendimento. Eu clamei a Deus por ajuda e resolvi não prolongar o tempo para obedecer a Ele, como eu nunca tinha feito antes. E, por meu esforço contínuo, “manter toda a sua lei”, interior e exterior, “ao extremo que pudesse”. Eu fui persuadido que eu poderia ser aceito por ele e que eu estaria, mesmo então, em um estado de salvação.
Em 1730, eu comecei visitando as prisões, ajudando o pobre e doente na cidade, fazendo tantos outros bens quanto pudesse, com minha presença e minha pequena fortuna, aos corpos e almas de todos os homens. Para essa finalidade, eu próprio reduzi todas as superficialidades e muito do que era chamado de necessidades da vida. E logo me tornei um exemplo, e regozijei-me de que “minha reputação tinha sido banida como o mal”. Na primavera seguinte, eu comecei a considerar os jejuns, da quarta e sexta-feira, comumente observado pela igreja antiga, não experimentando qualquer refeição, até as três horas da tarde. E, até aquele momento, eu não sabia como ir mais longe. Eu, diligentemente, esforcei-me contra todo o pecado. Eu não me privei das abnegações, as quais, eu pensei, fossem lícitas; e, cuidadosamente, usei, tanto em público como em privado, todos os meios da graça e todas as oportunidades. Eu não me privei de fazer o bem: por esse motivo, suportei o mal. E tudo isso eu sabia ser nada, a menos que fosse direcionado à santidade interior e exterior. De acordo com isso, a imagem de Deus era o que eu almejava, afinal, fazendo a sua vontade e não a minha. Ainda que, depois de continuar por muitos anos nesse curso, eu me vi perto da morte. E não pude encontrar, em tudo isso, algum conforto, alguma segurança da aceitação com Deus. Nisso eu não estava, então, nem um pouco surpreso, nem imaginando que eu tinha estado, todo esse tempo, construindo na areia, não considerando que “nenhuma fundação o homem pode estabelecer, do que aquela estabelecida por Deus, e mesmo por Cristo Jesus”.
Logo depois, um homem meditativo convenceu-me, ainda mais, do que eu estava convencido anteriormente: de que os trabalhos exteriores são nada, sendo sozinhos; e, em diversas conversações, instruiu-me como ir ao encalço da santidade interior ou a união da alma com Deus. Mas até mesmo com respeito às instruções dele (embora eu, então, as recebesse como as palavras de Deus), eu não pude deixar de observar: (a) que ele falava tão descuidadamente contra confiar nos trabalhos exteriores que ele desencorajou-me de fazê-los, afinal. (b) que ele recomendou (como isso era, suprir o que fosse necessário nele) oração mental e iguais exercícios, como os meios mais efetivos de purificar a alma e unir-me com Deus. Agora, esses eram, na verdade, tudo quanto eram minhas próprias obras, como visitar doentes ou cobrir o nu; e a união com Deus, assim buscada, era como realmente minha própria retidão, como alguma, que eu tivesse antes buscado, debaixo de outro nome.
Nesse caminho refinado de confiança em minhas próprias obras e minha própria retidão (tão zelosamente apontada pelos escritores místicos), eu me arrastei, pesadamente, encontrando nenhum conforto ou cura nisso, até o tempo de deixar a Inglaterra. A bordo no navio, entretanto, eu estava novamente ativo nas obras exteriores; onde agradasse a Deus, da misericórdia livre, a ter vinte e seis irmãos Morávios por companheiros, esforçando-me para mostrar um caminho mais excelente. Mas eu não entendi isso a princípio. Eu era muito culto e muito sábio: de modo que tudo aquilo parecia muito tolo para mim. E eu continuava pregando, seguindo em frente e confiando naquela retidão, por meio do qual, nenhuma carne pode ser justificada.
Todo o tempo em que eu estive na Savannah, eu estava, então, dando socos no ar. Sendo ignorante da retidão de Cristo, o qual, pela fé viva Nele, traz a salvação “para todo aquele que acredita”. Eu busquei estabelecer a minha própria retidão e, então, trabalhei no fogo todos os meus dias. Eu não estava, propriamente, debaixo da lei; eu sabia que a lei de Deus era espiritual; eu consentia com isso, que era bom. Sim, eu me deleitava nisso, na busca do homem interior. Ainda assim, eu era “um carnal, vendido à escravidão do pecado”. Todos os dias eu era constrangido a clamar alto “O que eu faço, eu não consinto; porque o que eu deveria, eu não faço; mas o que eu odeio, isso eu faço. Porque a vontade é, de fato, presente em mim; mas como melhorar o que é bom, isso, eu não encontro. Porque o bem, o qual eu poderia, eu não faço. Eu encontro a lei, de que, quando eu fizer o bem, o mal estará presente comigo; mesmo a lei, em meus membros, advertindo-me contra a lei de minha mente, e ainda conduzindo-me para a escravidão da lei do pecado”.
(Rom. 7:14-23) “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isso já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, não sou eu quem o faz, e sim, o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros”.
Nessa escravidão do pecado, vil e abjeta, eu estava, de fato, lutando continuamente, mas não conquistando. Antes, eu servia de boa-vontade ao pecado; agora, era de má-vontade; mas, ainda assim, eu o servia. Eu caía e me levantava, e caía novamente. Algumas vezes, eu era dominado e estava na opressão; algumas vezes, eu era dominado e estava na alegria. Assim, como no estado anterior, eu tive algumas antecipações do terror da lei, da mesma forma, eu tive dos confortos do Evangelho. Durante toda a luta, entre a natureza e a graça (a qual tinha agora continuado por mais de dez anos), eu tive muitos notáveis retornos da oração, especialmente quando eu estava em dificuldades. Eu tive muitos confortos sensíveis, os quais são, realmente, as antecipações da vida da fé. Mas eu ainda estava debaixo da lei, não debaixo da graça: o estado na qual a maioria dos que se chamam cristãos está contente de viver e morrer. Já que eu estava me esforçando com, e não me libertando do pecado; nem eu tinha o testemunho do Espírito Santo com meu espírito e, com certeza, não poderia, uma vez que eu buscava isso não pela fé, mas (como isso era) pelas obras da lei.
Em meu retorno para a Inglaterra, em Janeiro, estando em perigo eminente de morte e muito desconfortável nesse relato, eu fui fortemente convencido de que a causa dessa inquietude era a incredulidade, e que ganhar uma fé verdadeira e viva era a única coisa necessária para mim. Mas eu ainda não tinha fixado essa fé no objeto certo. Eu tinha apenas fé em Deus, não fé em Cristo ou através Dele. Novamente, eu não sabia que eu estava invalidando completamente essa fé, mas apenas pensei que eu não tivesse suficiente dela. Então, quando Peter Bohler, que Deus preparou para mim, tão logo eu vim para Londres, afirmou da fé verdadeira em Cristo (a qual é a única) e que tinha dois frutos inseparáveis atendendo ela: “Domínio sobre o pecado e constante Paz do senso de perdão”, eu fiquei completamente pasmo e olhei para isso como um Evangelho novo. Se fosse assim, estava claro que eu não tinha fé. Mas eu não estava desejoso de ser convencido disso. Por conseguinte, eu disputei com toda as minhas forças e trabalhei para provar que a fé poderia estar onde esses não estavam, especialmente onde o senso de perdão não estava: porque todas as Escrituras relativas a isso, eu tinha sido, desde então, ensinado a interpretar de outra forma e a recorrer a todos os Presbiterianos que falaram de outra forma. Além do que, eu vi bem (na natureza das coisas) que ninguém poderia ter tal senso de perdão e não sentir isso. Se fosse assim, havia nenhuma fé, sem isso, e todas as minhas pretensões para a fé caíram, imediatamente.
Quando eu me encontrei com Peter Bohler novamente, ele consentiu em colocar a disputa no assunto que eu desejei, isto é, Escritura e experiência. Eu primeiro consultei a Escritura. Mas quando eu coloquei de lado a interpretação dos homens e simplesmente considerei as palavras de Deus, comparando-as juntas, esforçando-me para ilustrar o que era de difícil entendimento, através das passagens mais claras, eu me certifiquei que eles todos fizeram contra mim e fui forçado a recuar da minha última impressão, “essa experiência não poderia nunca concordar com a interpretação literal daquelas escrituras. Nem poderia eu, entretanto, permitir que isso fosse verdade, até que eu encontrasse algumas testemunhas vivas dela”. Ele replicou que poderia mostrar para mim, a qualquer tempo. Se eu desejasse isso, até no dia seguinte. E de acordo, no dia seguinte, ele veio novamente com três outros. Todos eles testificaram de suas próprias experiências pessoais, que a verdadeira fé vivente em Cristo está inseparável do senso de perdão de todos os pecados passados e liberdade de todos os pecados presentes. Eles acrescentaram, a uma só boca, que essa fé era o dom, o dom livre de Deus, e que ele poderia, certamente, concedê-la, em toda a alma daquele que, honestamente e perseverantemente, buscar por ela.
Eu estava agora completamente convencido, e pela graça de Deus eu resolvi buscá-la até o fim. (1) Renunciando absolutamente a dependência total ou em parte de minhas próprias obras ou retidão, nas quais eu tinha realmente plantado minha esperança de salvação, embora eu não a conhecesse, desde a minha juventude, até hoje. (2) Acrescentando o uso constante de todas as outras formas de graça: oração ininterrupta, para esse mesmo fim; justificando, fé salvadora; uma dependência completa – no sangue de Cristo – derramado por mim; a confiança Nele, como meu Cristo, como minha única justificação, santificação e redenção. Eu continuei assim a buscá-la (embora com uma indiferença estranha, entorpecimento e frieza, incomuns recaídas freqüentes no pecado), até hoje. Eu penso que era por volta das cinco da manhã quando eu abri meu Testamento nessas 4): (II Pedro 1:palavras “Pelas quais ele nos tem dado grandessíssimas e preciosas promessas, para que, por elas, fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo”.
Assim que fechei o livro, eu o abri novamente nessas palavras: (Marcos 12:34) “E, Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe• Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe :mais nada”. À tarde, pediram-me que fosse para a igreja de St.Paul. O hino era “Fora do abismo, eu tenho chamado por Ti, Ó, Senhor. Senhor, ouça minha voz. Oh! Deixe teus ouvidos considerarem boa a voz da minha queixa. Se, Tu, Senhor, fores rigoroso para marcar o que é feito de errado, Ó, Senhor, quem poderá agüentar por esta razão, Tu deves ser temido. Ó,;isso? Porque há misericórdia em Ti Israel, confie no Senhor, porque com o Senhor há misericórdia, e, com Ele redenção plena. E Ele também deverá redimir Israel de todos os seus pecados”.
Eu Senti Meu Coração Estranhamente Aquecido
À noite, eu fui muito de má vontade até uma Sociedade, na rua de Aldersgate, onde a pessoa estava lendo Lutero – prefácio à Epístola aos Romanos. Por volta de quinze para as nove horas, enquanto ele estava descrevendo as mudanças que Deus opera no coração, pela fé em Cristo, eu senti meu coração estranhamente aquecido. Eu senti que eu confiei em Cristo — Cristo apenas, para salvação; e uma garantia me foi dada de que Ele tinha tomado meus pecados, até mesmo os meus, e tinha me salvo da lei de pecado e morte. Eu comecei a orar com todas as minhas forças por aqueles que tiveram, de uma maneira mais especial, rancorosamente, me usado e perseguido. Então testemunhei abertamente a todos isso que eu agora, pela primeira vez, sentia em meu coração. Mas não muito tempo antes do inimigo ter sugerido: “Isto não pode ser fé; pois, onde está a tua alegria?” Então, eu fui ensinado que aquela paz e vitória sobre o pecado eram essenciais para a fé, no Capitão de nossa salvação: mas, como transporte da alegria, que usualmente assiste o começo dela, especialmente naqueles que têm lamentado profundamente, Deus, algumas vezes, as retém, de acordo com as deliberações de Sua própria vontade. Depois de retornar para casa, fui esbofeteado por muitas tentações, mas eu clamei e elas fugiram. Elas retornaram novamente e novamente. Eu, como freqüentemente, erguia meus olhos e Ele “me enviava ajuda do seu santo lugar”. E, nisto, eu descobri no que consistia, principalmente, a diferença entre essa e minha condição anterior. Eu estava me esforçando. Sim, lutando com todas as minhas forças debaixo da lei, tanto quanto debaixo da graça. Entretanto, se eu era algumas vezes, se não freqüentemente, conquistado, agora eu sou sempre um conquistador.
Curiosidade: Quatro dias mais tarde, John foi para a casa de James Hutton e declarou que ele era agora um cristão, mas que ele não tinha sido antes de 24 de Maio. [Para entender Aldersgate como uma experiência de “conversão” parece importante lembrar que Wesley acreditava em “graus de fé”, e que ele olhava com respeito à santificação como uma experiência desenvolvida]. Então, em Outubro de 1738, quando Wesley estava examinando sua própria fé, ele determinou que ele tinha encontrado a descrição bíblica de um cristão em todos os aspectos, exceto aqueles de “alegria e paz”. Ele não iria reivindicar para si próprio uma “plenitude da fé”.
Ele escreveu: “Eu confio que eu tenho uma medida de fé e sou aceito no amado. Eu confio que a escrita, que era contra mim, está apagada, e que eu estou reconciliado com Deus, através de Seu Filho.”
Aldersgate foi, certamente, a mais importante marca de referência no desenvolvimento espiritual de Wesley. Ele soube com sua mente e coração que ele era um cristão. Sim, ele labutou com períodos de desespero e dúvida; e, porque ele valorizou tanto o “testemunho interior”, ele declara, em momentos subseqüentes, que ele não tinha fé, nem qualquer amor de Deus ou Cristo.
Dia 25 de maio de 1738 , quinta-feira (dia subseqüente à sua conversão) – No momento em que despertei, “Jesus, Mestre” estava em meu coração e em minha boca, e eu encontrei minhas forças, mantendo meus olhos fixados Nele, e minha alma atendendo continuamente a Ele. Estando novamente em St. Paul, pela tarde, eu pude provar a palavra boa de Deus, no hino que começou: “Minha canção será sempre sobre a amorosa-generosidade do Senhor: com minha boca, eu mostrarei, sempre adiante, Tua verdade, de uma geração a outra”.
Contudo, o inimigo injetou-me um medo: “Se tu acreditas, por que não há uma mudança mais significativa?”. Eu respondi (contudo, não eu): “Quê eu não sei! Mas tudo que sei é que eu agora tenho paz com Deus. E não mais peco hoje, e Jesus, meu Mestre, me proibiu de levar esses pensamentos para o amanhã”. “Mas não é qualquer tipo de medo”, continuou a tentar, “a prova de que tu ainda não acreditas?”. Eu pedi ao meu Mestre para responder por mim e abri o livro nessas palavras de Paulo: “Sem que houvesse lutas, dentro estariam os medos”. Então, eu inferi que meus medos estavam dentro de mim, mas que eu deveria seguir em frente e colocá-los debaixo dos meus pés.