Alguns de nós pastores, especialmente aqueles que conseguem pôr no papel suas ideias, temos sido incansáveis em denunciar o apostolicismo desenfreado surgido nos últimos 30 anos. Sim, porque, além dos Doze, sempre existiram apóstolos ao longo da era da igreja, sem jamais se autonomearem apóstolos, sem criar conselhos apostólicos – inda que sendo, verdadeiramente apóstolos no sentido estrito de sua missão.
Porque o apóstolo é o “enviado”, e este é o sentido da palavra, e não um líder que preside sobre outras igrejas. O apóstolo é um homem em movimento estabelecendo igrejas, treinando líderes e deixando estes líderes na igreja local, comportando-se como um pai que gerou filhos e os levou à maturidade. O que supervisiona igrejas é o bispo. O apóstolo é o menor de todos os ofícios aos olhos do mundo, na ótica de Paulo, um huperetes, palavra grega para designar alguém que está abaixo da linha do servo; é dos servos o menor, e só trabalha sob as ordens de seu Mestre.
A palavra “superapóstolos” está no original grego, mas não foi traduzida assim para o português nas duas versões mais conhecidas, a Revista e Corrigida e a Revista e Atualizada, mas foi traduzida pela Nova Tradução na Linguagem de Hoje e na Nova Versão Internacional, de forma correta. “Porque suponho em nada ter sido inferior a esses tais apóstolos” (2 Co 11.5). A expressão “tais” é na realidade “super”. A frase em português, “esses tais apóstolos”, no grego é: “huper lian apóstolos”. Huper, é super, e lian “excedentemente além dos limites”.
Novamente Paulo usa a expressão “tais” no v. 13: “Porque os tais são falsos apóstolos”, querendo dizer: Esses superapóstolos são falsos!
Por faltarem na igreja apologistas acreditados (não blogueiros sarcásticos) que defendam a simplicidade da fé, a igreja continua a engolir a falácia e o sofisma desses super-falsos-apóstolos. E não estou dizendo que não existam hoje verdadeiros apóstolos, existem sim; mas estes não ostentam o título nem querem ser pelo título chamados; nem tampouco querem receber honrarias como apóstolos, seguindo o modelo dos apóstolos de Jesus Cristo que visavam unicamente mostrar o Sumo Apóstolo, Jesus Cristo.
No mesmo capítulo em que Paulo condena os superapóstolos, ele faz um alerta: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas as Cristo” (2 Co 11.3).
Paulo está afirmando que simplicidade e pureza são qualidades próprias de Cristo, o que contrasta com a falta de simplicidade (no falar, no agir, no vestir, no se comportar, nos arroubos de glória etc.); e na falta de pureza (no trato com o dinheiro, no comportamento em casa; na vida sexual, nos maus tratos que estes apóstolos dão aos seus obreiros, na supremacia espiritual que ostentam), que não são coisas próprias de Cristo. Em resumo, Paulo está afirmando que esses superapóstolos foram picados pela mesma serpente que enganou a Eva!
E aqui deixo apenas uma observação: Percebe-se que este movimento apostólico foi incentivado e instigado por mulheres que se dizem profetizas; nem todas, é claro, mas pode-se traçar uma linha distintiva entre os superapóstolos e algumas mulheres. Não me peçam nomes, por favor, apenas investiguem a recente história na América do Norte e no Brasil.
Finalmente, uma palavra de alerta dada por Jesus ressuscitado à igreja de Éfeso: “… puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos” (Ap 2.2).
Você gosta de se autodenominar apóstolo? Então, examine-se para ver se você é, de fato apóstolo e se não foi enganado pela serpente!