Bodes

Há uns poucos meses atrás, publicamos algumas notas sobre bodes, nos enviadas por um irmão da Austrália. Várias pessoas têm escrito para dizer que elas foram ajudadas pelas mesmas. Não muito depois disso, escrevemos para o irmão Klooster, que está engajado na obra do Evangelho na Holanda, uma terra onde os bodes são totalmente comuns entre as pessoas mais pobres. No decorrer da nossa carta a ele, mencionamos que era a nossa crescente convicção de que os bodes” de Mateus 25:33 etc. são cristãos professos que são desprovidos da vida de Deus em suas almas. Sua réplica fortaleceu ainda mais a nossa convicção, e dela extraímos aqui alguns pensamentos com respeito a estes animais, como sendo uma descrição daqueles que levam o nome de Cristo, mas que são estranhos à Sua salvação.

Leia Mateus 25:31-33. É claro, à partir da Escritura, que as ovelhas’ mencionadas aqui são o povo escolhido de Deus, que foram lavados no sangue do Cordeiro, e que seguem o grande Pastor (João 10:26-29). Igualmente claro à partir da Escritura é que os bodes não são ateus e outros que repudiam a existência do Deus eterno, mas são aqueles que tendo uma forma de piedade, negam, entretanto, o poder dela’, pessoas que estão sempre aprendendo e nunca são capazes de chegar ao conhecimento da verdade’ (2 Timóteo 3:5-7). Olhando agora para Mateus 25:44, lemos que os bodes responderão à Cristo ‘dizendo, Senhor, quando foi que Te vimos com fome?’ Somente aqueles de quem é dito em 2 Timóteo 3:5; Judas 11 etc. irão (nem mesmo as ovelhas, os filhos de Deus) se dirigir a Ele como Senhor’. Por meio disto eles mostram sua forma de piedade’ ou semelhança externa aos filhos de Deus, de forma que, a uma certa distância, os bodes se parecem com as ovelhas na aparência e no som de seu balar. Em Mateus 7:21-23 lemos sobre este mesmo povo religioso, com sua forma de piedade’.

Na Escritura a mão direita’ é sempre usada como um símbolo para o lugar de força, poder, honra, proteção e comunhão: leia cuidadosamente Salmos 16:8, 9, 11; Marcos 15:27; Gálatas 2:9; Êxodo 15:6. Mas a mão esquerda’ é um símbolo do lugar de inferioridade, desonra, tolice. O coração do sábio se inclina para o lado direito, mas o do estulto, para o da esquerda’ (Eclesiastes 10:2). Eúde (Juízes 3:15-22) era canhoto, e um vil assassino. Os setecentos homens de quem é falado em Juízes 20:16 eram todos canhotos, e trouxeram certa destruição quando usadas na batalha. Em Ezequiel 16:46 lemos dos religiosos da apóstata Samaria habitando à mão esquerda’ de Jerusalém — Sodoma como sua mão direita’ será exaltada acima dela: Mateus 11:20-24.

Em conexão com Mateus 25:33 lemos em Ezequiel 34:17, Eis que julgarei entre gado pequeno e gado pequeno’, isto é, entre ovelhas e bodes, pois a próxima sentença adiciona entre carneiros e bodes’ [NT: bode-macho”, na versão do autor]. Lendo o capítulo inteiro cuidadosamente, não há dúvida de que carneiros’ fala dos mestres, líderes, pastores das ovelhas; enquanto que bodes’ fala dos falsos profetas (2 Pedro 2:1-3), os mercenários’ (João 10:12, 13), que arrebatam e dispersam as ovelhas.
Um carneiro tem a mesma natureza e gosto de uma ovelha, ele é somente mais forte, e o protetor natural daquela. Um carneiro nunca ataca um homem ou um animal, exceto que ele, ou sua ovelha, seja atacado. Assim, o verdadeiro pastor somente ataca quando a honra de seu grande Pastor e de Suas ovelhas é assaltada: então, como o carneiro, ele lutará até mesmo à morte. O bode-macho tem a mesma natureza dos bodes, ele é somente mais feroz e destrutivo, e atacará sem qualquer provocação ou necessidade: assim, os falsos pastores estão constantemente fazendo ataques violentos contra a Verdade, contra Cristo e contra o Seu povo.

Então, Eu salvarei o Meu rebanho, e elas não mais serão saqueadas; e Eu julgarei entre gado pequeno e gado pequeno’ (Ezequiel 34:22). Ele separará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas… e irão estes (os bodes) para o castigo eterno, porém os justos (as ovelhas) para a vida eterna’ (Mateus 25:32,46).

Este artigo apareceu na revista Studies in Scriptures, editada por Pink, em Dezembro de 1934.

Traduzido por: Felipe Neto

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