Nossa relação e a nossa atitude com nossos irmãos cristãos é outro teste definitivo de nossa experiência com Deus.
O cristão sincero, depois de um notável encontro espiritual, pode às vezes afastar-se de seus irmãos na fé, e desenvolver um espírito crítico. Ele pode estar sinceramente convencido de que sua experiência é superior – que se acha agora num estado de graça, e que os membros de sua igreja não passam de uma multidão mista sendo ele o único e legítimo filho de Israel. Ele pode esforçar-se para mostrar paciência com esses indivíduos mundanos, mas sua linguagem suave e sorriso de condescendência revelam sua verdadeira opinião sobre eles – e sobre si mesmo. Este estado de mente é perigoso, e tanto mais perigoso porque pode justificar-se através de fatos. O irmão teve uma experiência notável; ele recebeu orientação maravilhosa sobre as Escrituras; ele entrou numa terra esplêndida que lhe era desconhecida antes. Pode ser também facilmente verdade que os cristãos professos de suas relações sejam mundanos, apáticos, sem qualquer entusiasmo espiritual. Ele está enganado, mas não são os seus fatos que provam isso, mas a sua reação aos fatos é carnal. Sua nova espiritualidade tornou-o menos caridoso.
Lady Juliana nos conta em seu inglês castiço como a verdadeira graça cristã influi em nossa atitude para com nossos semelhantes: “Pois, acima de tudo, a contemplação e o amor do Criador diminuem a alma a seus próprios olhos, e a enchem de temor reverente e sincera humildade; manifestando abundância de sentimentos caridosos em relação aos irmãos em Cristo”. Qualquer experiência religiosa que deixe de aprofundar nosso amor pelos cristãos pode ser com certeza descartada como falsa.
O apóstolo João faz do amor por nossos companheiros cristãos um teste de verdadeira fé: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade. E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranqüilizaremos o nosso coração” (I Jo 3:18,19). E de novo repete: “Amados, amemos-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus, e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I Jo 4:7,8).
À medida que crescemos na graça, crescemos em amor para com o povo de Deus. “Todo aquele que ama ao que o gerou, também ama ao que dele é nascido” (I Jo 5:1). Isto significa simplesmente que se amarmos a Deus iremos amar também a seus filhos. Toda verdadeira experiência cristã irá aprofundar nosso amor pelos demais cristãos.
Devemos então concluir que tudo o que nos separa pessoalmente, ou no coração, de nossos irmãos em Cristo, não vem de Deus, mas pertence à carne ou ao diabo. E, de maneira oposta, tudo o que nos leva a amar os filhos de Deus vem provavelmente de Deus. “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13:35).