“Temiam a Jeová e honravam a seus deuses” (2ª Reis 17:33)
Quando as dez tribos de Israel foram levadas cativas pelo rei da Assíria, seu território foi ocupado por estrangeiros de diferentes nações idólatras, que não sabiam nada da religião dos judeus. Assim que aumentaram os animais selvagens no país e os leões devoraram grande número de pessoas, e eles pensaram que era porque não conheciam ao deus do país, e, portanto, sem saber, haviam transgredido sua religião, e o haviam ofendido, e como resultado este deus lhes havia enviado leões para castigar-lhes. Por isso fizeram um pedido ao rei e este lhes disse que se procurasse um dos sacerdotes dos israelitas para que lhes ensinasse os costumes do deus da terra. Eles seguiram o conselho e conseguiram que um dos sacerdotes fosse a Betel e lhes ensinasse as cerimônias religiosas e os costumes e ritos que tinham sido praticado ali. E lhes ensinou também a temer a Jeová, como Deus daquele país. Mas contudo não lhe receberam como seu Deus. O temiam, isto é, temiam sua ira e seus juízos, e os evitavam, executando os ritos prescritos. Mas eles “serviam” a seus próprios deuses. Continuaram em seu culto idólatra, e isto era o que queriam e preferiam, ainda que se sentissem obrigados a apresentar seus respeitos e prestar reverência a Jeová como Deus do país. Há todavia multidões de pessoas que professam temer a Deus, e que talvez sentem, até certo ponto, o temor de Deus, os quais, no entanto, servem a seus próprios deuses, ou seja, dedicam seus corações de modo supremo a outras coisas e há outros objetivos nos quais põem principalmente sua confiança.
Como se sabe, há duas classes de temor. Há o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria, e que se funda no amor. Há também o temor do escravo, que é o mero temor ao mal pessoal ou dano, e que é puramente egoísta. Esta é a classe de temos que possuíam estes povos de que nos fala o texto. Temiam que Jeová lhes enviasse seus juízos, se não executassem certos rituais, e este era o motivo pelo que Lhe prestavam adoração. Todos os que têm este temor são surpreendentemente egoístas, e ainda que professem reverência a Jeová, eles têm outros deuses que amam e servem.
Há várias classes de pessoas das quais se pode aplicar isto, e meu objetivo esta noite é descrever algumas delas, de tal forma que todos os que estão aqui, e possuem este caráter, possam reconhecer-se e ver porque seus próximos conhecem e entendem seus verdadeiros caráteres.
O servir a uma pessoa é ser obediente a sua vontade e dedicar-se aos interesses deste indivíduo. Não se trata propriamente de servir nos casos em que só se executam certos atos, sem entrar no serviço de uma pessoa, senão que o servir é fazer que a ocupação de alguém seja fazer a vontade e procurar que prosperem os interesses da pessoa. O servir a Deus é fazer da religião o assunto principal da vida. É dedicar o próprio coração, a vida, as potências, o tempo, a influência, tudo, para fomentar os interesses que aumentem a glória de Deus. Quem são os que, professando temer ao Senhor, estão servindo a seus próprios deuses?
Contesto: primeiro, todos os que não renunciaram de modo sincero e prático a propriedade de suas possessões e as entregou para Deus.
É evidente por si mesmo que o que não fez isto não está servindo a Deus. Suponhamos que um senhor deseja ocupar um empregado para que cuide de sua tenda e suponhamos que o empregado queira seguir atendendo a seu próprio negócio, e quando o amo diz ao empregado o que tem que fazer, este replica: “Tenho tanto o que fazer com meu próprio negócio que não posso fazer-me cargo disto” Não nos assombraríamos de um empregado assim, que recebe seu salário mas não serve a seu amo? Do mesmo modo, quando um homem não renunciou a possessão de si mesmo, não só em pensamento, senão praticamente, não tomou as primeiras lições de religião. Não está servindo ao Senhor, senão que serve a seus próprios deuses.
2. O homem que não se ocupa do que lhe corresponde como parte de sua religião, não serve a Deus.
Ouve-se às vezes alguém dizer: Estou tão ocupado todo dia nos negócios do mundo que não tenho tempo de servir a Deus. Esse tal crê que serve a Deus um pouco pela manhã, e logo atende a seu negócio. Este homem, vocês podem estar bem seguro, deixou sua religião assim que disse suas orações. Está disposto, talvez, a dar a Deus um pouco de tempo antes do café da manhã, antes de ocupar-se de seu próprio negócio; mas tão pronto como terminou vai para a sua própria tarefa. Teme a Deus bastante, talvez para fazer suas orações pela manhã e pela noite, mas serve a seus próprios deuses. A religião deste homem faz os demônios sorrirem. Ora muito devotadamente, e logo, em vez de ocupar-se dos negócios de Deus, se ocupa dos próprios. Não há dúvida que seus ídolos estão muito satisfeitos com este arranjo, mas Deus não está complacente com isto.
3. De novo estão servindo a seus próprios deuses os que dedicam a Jeová o que lhes custa pouco ou nada.
Há muitos que fazem consistir a religião em certos atos de piedade que não interfiram com seu próprio egoísmo. Oram pela manhã com a família, porque podem fazê-lo quando é conveniente, mas não permitem que o serviço de Jeová interfira com o serviço de seus deuses, ou que ponha travas a que se enriqueçam ou gozem do mundo. Os deuses que vocês servem não se queixam de vocês serem desvairados ou negligentes nos serviços que vocês prestam a Jeová.
4. Estão servindo a seus próprios deuses todos os que supõem que os seis dias da semana pertencem a eles, e que só o Domingo é para o Senhor.
São milhares os que supõem que a semana é o tempo do homem, e só o Domingo é de Deus; e que têm direito a fazer seu próprio trabalho durante a semana, e servir a si mesmo, e fomentar seus próprios interesses contanto que guardem de modo estrito o Domingo e sirvam ao Senhor neste dia. Por exemplo: um célebre predicador, ao ilustrar a maldade de quebrantar o dia de repouso usou esta ilustração: “Suponhamos que um homem, que tem sete dólares no bolso, encontra a um mendigo em grande necessidade e lhe dá seis dólares, guardando-se um para ele; e que o mendigo, vendo que o outro ficou com este dólar, às escondidas, fosse e o roubasse; não depreciaria em vosso coração ao mendigo por sua atitude indigna?” Como se vê, se da a idéia de que é muito mal agradecido o quebrantar o dia do Senhor posto que Deus deu seis dias ao homem para ele, para servir a si mesmo e só se reservou o Domingo para Ele, e o roubar a Deus o sétimos dia é uma ingratidão depreciável.
O que faz isso não serve a Deus em absoluto. Se você é egoísta durante a semana, você é em toda ela. O supor que você tem piedade verdadeira implicaria que é um convertido durante o Domingo e um não convertido a partir de Segunda. Se um homem se serve a si mesmo durante a semana e realmente possui religião durante o domingo, isto só é possível se converter o domingo para ele. Mas é esta a idéia do domingo? O que é um dia para servir a Deus em exclusão dos outros? Está Deus necessitado de teus serviços no domingo para que siga funcionando o universo? Deus requer todos nossos serviços tanto os seis dias da semana como no domingo, só que designou o domingo para uns deveres particulares, e requer sua observância como dia de repouso e abstinência de todo trabalho corporal e de todos os cuidados e fadigas que afetam este mundo presente. Mas como Deus usa meios para realizar seus propósitos, e os homens têm corpos além das almas, e o evangelho deve ser estendido e mantido com coisas desse mundo, por isso Deus requer que trabalhes todos os seis dias em teu emprego secular. Mas tudo é para seu serviço, o mesmo que o culto de adoração do domingo. O domingo não é dado para que sirvamos a Deus mais que na segunda. Você não tem mais direito a servir a você mesmo na segunda que no domingo. Se alguém não considerou assim este assunto, e imaginou que os seis dias da semana eram seu tempo, mostra que é supremamente egoísta. Te peço que não consideres que, nem na oração nem no dia do domingo, estais servindo a Deus em absoluto se o resto da semana o consideras tempo para servir-se exclusivamente a você mesmo. Não conheceu nunca o princípio radical de servir ao Senhor.
5. Os que se servem a si mesmos, ou seus deuses, não querem fazer nenhum sacrifício de comodidade ou bem estar pessoal na religião.
Por exemplo, há muitos que objetam contra as igrejas livres (ou seja não oficiais, senão abertas ao evangelho) sobre esta base, porque requerem fazer sacrifícios da satisfação pessoal. Dizem: “Queremos estar sentados com nossas famílias” ou “Queremos que nossos assentos estejam estofados” ou “Nós gostamos de sentar no mesmo lugar”. Estes admitem que é necessário que haja igrejas livres, a fim de que o evangelho seja predicado aos milhares que vão ao inferno nesta cidade. Mas eles pessoalmente não estão dispostos a fazer estes pequenos sacrifícios, à comodidade pessoal, para abrir as portas da casa de Deus a esta massa de pecadores impenitentes.
Estas pequenas coisas indicam às vezes muito claramente o estado do coração do homem. Suponhamos que um criado teu te dissesse: “Não posso fazer isto porque interfere com meu conforto pessoal.” Não pode de fazê-lo porque ele gosta de estar sentado em uma almofada. Ou não pode fazê-lo porque isto lhe separaria de sua família durante uma hora e meia. O que? É isto prestar serviço? Quando um homem entra em serviço renuncia a seu bem estar e comodidade, com olhos a servir a vontade de seu amo. Podemos pensar que se dedica de modo supremo ao serviço de Deus, o que mostra que sua própria comodidade lhe é mais cara que o reino de Jesus Cristo, e que preferiria sacrificar a salvação dos pecadores do que o estar sentado em um banco duro ou estar separado de sua família durante uma hora ou duas?
6. Servem a seus próprios deuses os que dão seu tempo ou dinheiro quando apresentam a oferta, de má vontade, por obrigação, e não com a mente disposta e com o coração alegre.
O que diria de teu servo se tivesse que estar despertando-o constantemente para que fizesse algo em benefício seu? Dirá que é um servo cuidadoso? Quantos há que quando fazem algo para a religião o fazem de má vontade? Custa para eles fazê-lo. Se vai a um destes indivíduos e queres que te dê dinheiro ou tempo em favor de um projeto, é muito difícil conseguir que te dê. Parece que lhes vem um algo contra e que não é natural nele o fazê-lo. É claro que não considera os interesses do reino de Cristo na mesma medida que os dele próprios. Pode ter algo do temor do Senhor, mas “serve” a outros deuses dele próprio.
7. Os que estão procurando fazer o menos possível pela religião, em vez do máximo, estão servindo a seus próprios deuses.
Há multidões de pessoas que parece que sempre estão perguntando-se qual é o mínimo que podem fazer por Deus, sem que seja demasiado pouco. Ouve-se a um indivíduo que faz suas contas da renda do ano e se diz: “Fiz tanto este ano – vou dar tanto para beneficência; terei que dar tanto para a religião” (TER QUE dar para os interesses da religião) “tanto perdido pelo fogo e tanto por más dívidas”. E daí por diante. Está esse homem servindo a Deus? A idéia de “ter que” não é a mais apropriada para servir a Deus. É um fato evidente que você nunca colocou em seu coração o oferecer o que for possível para fomentar a religião no mundo. Se tivesse feito, você se perguntaria: “Quanto posso dar este ano? Talvez possa dar tanto, ou, melhor ainda, TANTO!”.
8. Os que estão acumulando riquezas para sua família, para aumentar seu poder, estão servindo a seus próprios deuses e não a Jeová.
Os que estão procurando riqueza para suas famílias a uma esfera mais elevada, acumulando riquezas para eles, mostram que têm como objeto de sua vida algo diferente que contribuir a por este mundo baixo a autoridade de Jesus Cristo. Têm outros deuses aos que servem. Podem fazer ver que têm ao Senhor, mas estão “servindo” a seus próprios deuses.
9. Os que estão fazendo que o objetivo de sua vida seja o acumular propriedades para poder retirar-se do negócio e viver confortavelmente estão servindo a seus próprios deuses.
Há muitas pessoas que professam ser servos de Deus, mas que estão esforçando-se em aumentar suas propriedades, e calculam retirar-se a uma casa no campo ou junto ao mar, a sua conveniência. O que quer dizer isto? Te deu Deus direito a um perpétuo repouso, tão pronto como tenha uma certa quantidade de dinheiro? Te disse Deus quando professaste entrar em seu serviço, que trabalharia um certo número de anos e que logo gozarias de umas férias contínuas? Te prometeu desculpar-se de fazer tudo o que possa de teu tempo e de teu talento, e que te deixaria viver em comodidade no resto de seus dias? Se em tuas idéias estás fazendo estes planos, posso dizer-te que não está servindo a Deus senão a teu próprio egoísmo e tua preguiça.
10. As pessoas que estão servindo a seus próprios deuses, preferem satisfazer seus próprios apetites que negar-se a si mesmos as coisas que são desnecessárias ou danosas ainda que seja com olhos ao bem.
Encontram-se pessoas que têm grande afeto a coisas que não lhes fazem nenhum bem, e também outras formas de apetites artificiais por coisas que são positivamente repulsivas, e seguem atrás delas e não há maneira de convencer-lhes de que as abandonem para seu próprio bem. Estão estas pessoas absorvidas no serviço de Deus? Como é possível que não haja maneira de convencer a alguns que abandonem o vício asqueroso de mascar TABACO? Uma erva má, prejudicial à saúde e repugnante à sociedade; não podem abandoná-la, nem que lhes custe a morte!
Como é possível que o egoísmo predomine em tais pessoas? Isto mostra uma assombrosa capacidade para o egoísmo. Com freqüência se vê a força do egoísmo em coisas pequenas melhor que nas maiores. É feita evidente que a satisfação ou prazer próprio é a lei da vida, de modo tão forte que não quer ceder nada, inclusive insignificâncias, ante aos interesses muito maiores pelos que um teria que estar disposto a dar a própria vida.
11. As pessoas que podem ser mobilizadas a ação mais facilmente quando se apela a seus próprios interesses egoístas, mostram que estão servindo a seus próprios deuses.
Pode-se ver quais são os motivos que influenciam a estes homens. Suponhamos que desejas que alguém contribua para a edificação de uma igreja? O que pode se fazer para convencê-lo? Fácil de fazer: se lhe mostra que isto vai melhorar o valor de sua propriedade, ou fazer progresso no seu partido ou satisfazer alguma tendência sua egoísta, de alguma forma. Caso é estimulado por estes motivos, mais que pelo desejo de salvar almas que se perdem e fazer progredir o reino de Cristo, podes ver que nunca se consagrou a servir ao Senhor. Todavia está servindo a si mesmo. Está mais influenciado por seus interesses egoístas do que pelos princípios da benevolência sobre os que se baseia a religião. O caráter de um verdadeiro servo de Deus é exatamente o oposto a este.
Consideremos o caso de dois servos ou empregados, um deles dedicado aos interesses de seu amo, e o outro sem consciência ou sem interesse, exceto em assegurar-se o salário. Pode-se ir ao primeiro e pedir-lhe algo e imediatamente deixará toda classe de considerações pessoais, e de todo coração e alma se entregará a conseguir teu objetivo. O outro não atuará a menos que seja por algum motivo egoísta, a menos que digas: “Vou aumentar teu salário ou te dar participação no negócio”, etc. Há uma diferença radical entre estes dois empregados, não é verdade? Não é isto uma ilustração que tem seu lugar em nossas igrejas? Proponha um plano para fazer bem que não custe nada, e todos estarão de acordo em segui-lo. Mas proponha um plano que requeira, para entrar em efeito, que eles contribuam ao mesmo de modo pessoal: com dinheiro ou com tempo, e verás que de imediato está todo mundo dividido. Alguns duvidam; outros apresentam objeções; outros declaradamente se opõem ao mesmo. Alguns se alistam ao ponto, porque sabem que podem fazer bem. Outros se retraem e encontram desculpas, até que encontra um meio de estimular seu egoísmo em favor do plano. Qual é a diferença? Alguns deles estão servindo a seus próprios deuses.
12. Pertencem a este grupo também os que estão mais interessados em outros temas que na religião.
Se você encontra que estão mais dispostos a falar de outros assuntos ou mais interessados para saber novas notícias, é que estão servindo a seus próprios deuses. Há multidões que se entusiasmam numa questão bancária, ou sobre a guerra, ou sobre um incêndio, ou algo de natureza mundana muito mais que sobre avivamentos, missões ou o que seja relacionado com os interesses da religião. Você encontra que estão absorvidos na política ou na especulação econômica; mas se lhes traz o tema da religião, aqui temem ou se abstém de mostrar muita emoção, isto mostra que este é um tema que não levam no coração. Um homem sempre se entusiasma mais sobre o tema que tem mais próximo de seu coração. Menciona-o estes outros temas e abrirá os olhos com atenção. Quando você vê que prefere a política ou as notícias como tema de conversação mais do que a religião, é que seu coração não está nela; e caso queira mostrar que é um servo de Deus, é porque é um hipócrita.
13. Quando uma pessoa sente mais zelo por sua própria reputação do que pela glória de Deus, mostra que vive para si mesma, que serve a seus próprios deuses.
Se virmos a um homem mais importunado por algo que se diga contra ele do que contra Deus; a quem serve? Qual é seu Deus, ele mesmo ou Jeová? Aqui temos um ministro que se altera porque foi criticado sua erudição ou sua infalibilidade, ou sua dignidade, enquanto se mostra frio como gelo quando se acumulam indignações contra o nome de Deus. É este homem um seguidor de Paulo, que estava disposto a ser considerado um néscio pela causa de Cristo? Começou este homem a aprender as primeiras lições sobre a religião? Se o fez, se regozijará de que seu nome seja reprovado pela causa da religião. Não! Não está servindo a Deus; Está servindo a seus próprios deuses.
14. Os que estão servindo a seus próprios deuses e que não estão fazendo da salvação de almas o grande objetivo e ponto diretor de suas vidas.
O fim de todas as instituições religiosas, e o que dá valor a todas elas é a salvação dos pecadores. O fim para o que Cristo vive, e pelo qual deixou sua igreja no mundo, é a salvação dos pecadores. Este é um assunto que lhes interessa aos servos de Deus, e aos que foram enviados, e se algum homem não faz disto seu objetivo principal não está servindo a Jeová, senão que serve a seus próprios deuses.
15. As pessoas que só fazem um pouco para Deus, ou que não dão lugar a que ocorra muito para Deus, não pode dizer-se propriamente que o servem.
Suponhamos que você é um servo professo de Deus. O fazes por Deus? Está procurando que aconteçam coisas favoráveis para a causa de Deus. Você é instrumento na conversão de algum pecador? Você está fazendo boa impressão em favor da religião ou ajudando ao progresso da causa de Cristo? Você replica: “Isto eu não sei, mas suponho que sim; às vezes creio que amo a Deus; mas que eu saiba não sei se estou fazendo nada em particular neste momento.” Está este homem servindo a Deus? Ou está servindo a seus próprios deuses? “Estou falando aos pecadores; diz -, mas eles não parecem muito interessados.” Então é porque você NÃO SENTE INTERESSE. Se teu coração não está nisso, não é estranho que você não possa fazer sentir nada aos pecadores. No entanto, se fazes teu dever, e tens teu coração na obra, os pecadores têm que pelo menos senti-lo.
16. Os que buscam a felicidade na religião, antes de procurarem serem úteis, estão servindo a seus próprios deuses.
Sua religião é inteiramente egoísta. Querem gozar da religião, e estão todo tempo procurando como podem conseguir manter-se de bom humor, e como podem conseguir que suas atividades religiosas sejam prazerosas. E só vão ir a uma certa classe de reuniões, e estarão presentes só quando haja um certo tipo de pregação que os deixe contentes; nunca fazem uma pergunta sobre qual é a maneira em que se pode ajudar melhor a outros. Agora bem, suponhamos que teu empregado fizesse isto, e que se estivesse esforçando constantemente para divertir-se e cresse que já faz o que deve estando fechado na sala, num sofá, com um travesseiro debaixo da cabeça, e recusando-se a trabalhar; o que pensaria de seu interesse em servi-lo? Isto é precisamente o que fazem estes que professam serem servos de Jeová, que não querem fazer nada, exceto estar sentados e esperar que o ministro os alimente. Em vez de buscar como fazer bem a outros, o que procuram é serem felizes. Sua oração cotidiana não é como a do convertido Saulo de Tarso, “Senhor, que queres que eu faça?”, senão: “Senhor, diga-me como posse ser feliz.” É este o espírito de Jesus Cristo? Não, pois ele disse: “Me deleitei em FAZER TUA VONTADE, oh Deus” É este o espírito do apóstolo Paulo? Não pois ele tirou as roupas que lhe atrapalhavam e entrou de braços limpos no campo de TRABALHO.
17. Os que querem fazer de sua própria salvação o supremo objetivo na religião, estão servindo a seus próprios deuses.
Há multidões na igreja que mostram com sua conduta e ainda confessam com suas palavras, que seu grande objetivo é assegurar sua própria salvação, e seu grande alvo é por os pés dentro das muralhas da Jerusalém celestial. Caso temos lido bem a Bíblia estes indivíduos acabarão num lugar muito diferente. Sua religião é puro egoísmo. E “o que queira salvar sua vida perdê-la-á, e o que está disposto a perder sua vida por amor a mim, a salvará”
Conclusão
1. Aqui se vê porque se realiza tão pouco no mundo em favor de Jesus Cristo.
É porque há tão poucos que trabalham para Ele. É porque Jesus Cristo tem tão poucos servos verdadeiros no mundo. Quantos há que professam nesta igreja, ou entre vossos conhecidos, que estão realmente trabalhando por Deus, e fazendo que sua ocupação principal seja a religião, e atuando para fazer progredir o reino de Cristo? A razão pela que a religião não vai adiante mais rápido é que há muito poucos que contribuam a fazê-la ir adiante. Imaginemos um grupo de gente num incêndio, tratando de tirar a mercadoria de uma tenda. Alguns vão tirando coisas, enquanto o resto não se ocupa nisto senão que se divertem falando e distraindo aos que o fazem, com o que na realidade torna para eles dificultoso o trabalho. Assim é na igreja. Os que desejam fazer a obra se vêem estorvados pelos que vacilam, duvidam ou inclusive oferecem verdadeira resistência.
2. Veja porque há tão poucos cristãos com espírito de oração.
Como podem ter espírito de oração? Suponhamos um homem ocupado em planos mundanos, e que Deus dá a este homem o espírito de oração. Naturalmente, vai orar pelo que tem em seu coração; isto é, pelo êxito de seus planos mundanos, para servir a seus próprios deuses. Pode dá-lo Deus espírito de oração para este propósito? Nunca. Que se dirija a seus próprios deuses para ter espírito de oração, mas que não espere que Jeová lhe conceda o espírito de oração, enquanto está servindo a seus próprios deuses.
3. Se vê, pois, que há uma multidão de pessoas que professam religião que não começaram a serem religiosos ainda.
Alguém disse a um deles: “Crê você que sua propriedade e seu negócio são todos de Deus, e que você os dirige por conta dEle?” “Oh, não; contestou; não cheguei tão longe ainda.” Não cheguei tão longe? Este homem faz muitos anos que professa religião e; ainda não chegou a considerar que sua propriedade, seu negócio e tudo o que tem pertence a Deus? Não há dúvida que está servindo a seus próprios deuses. Porque, quero insistir nisso, este é o mesmo princípio da religião. O que é a conversão senão o mudar do serviço do mundo ao serviço de Deus? E este homem todavia não se tocou que tem que ser um servo de Deus. E parece que cre que deve progredir muito mais na religião, para chegar ao ponto em que tudo o que tenha seja do Senhor.
4. É uma falta de sinceridade e honra o que as pessoas professem que servem a Deus e na realidade sirvam-se a si mesmas.
Os que estão executando deveres religiosos por motivos egoístas, estão na realidade tratando de fazer de Deus um servo seu. Se teus próprios interesses são teu objetivo supremo, todos teus serviços religiosos são apenas desejos de induzir a Deus que faça prosperar teus interesses. Por que você ora, ou guarda o dia de repouso, ou dá apoio financeiro a projetos religiosos? Tua resposta é: “Para fomentar minha própria salvação.” Sem dúvida! Não para glorificar a Deus, senão para assegurar o céu! Não vê que o próprio diabo faria isto se soubesse que poderia conseguir seus objetivos com ele e continuar sendo diabo? O estilo mais refinado de egoísmos é fazer que Deus, com todos seus atributos, seja alistado ao serviço de teu poderoso eu.
E agora, ouvinte, em que ponto você está? Estas servindo a Jeová, ou estás servindo a teus próprios deuses? Tem feito algo por Deus? Tem estado vivendo como servo de Deus? Tem sido debilitado o reino de Satanás com o que você tem feito? Poderia dizer: “Vem e te mostrarei este pecador, convertido ou a este que tinha voltado atrás restaurado, ou a este santo débil apoiado e ajudado”? Poderia apresentar testemunhas do que tem feito no serviço de Deus? Ou tua resposta será: “Tenho vindo regularmente a reunião no domingo, e tenho escutado a pregação, e em geral tenho assistido às reuniões de oração, e algumas tem sido excelentes e temos orado na família e tenho lido a Bíblia duas ou três vezes ao dia.” E em tudo isso tem sido meramente passivo, quanto a fazer algo para Deus. Tem temido ao Senhor e tem servido a seus próprios deuses.
“Sim, mas vendi toda esta mercadoria, e consegui tanto dinheiro, do qual dei o dízimo para a causa das missões.”
Quem requer isto da tua mão, em vez de salvar almas? O enviar o evangelho aos pagãos e o deixar aos pecadores a teu redor que vão ao inferno ante teus próprios olhos? Não se engane. Se amasse as almas você se ocuparia no serviço de Deus, trataria de salvar almas aqui, e faria a obra de Deus aqui. Quem poderia pensar que pudesse ser um missionário entre os pagãos alguém que não disse nunca uma palavra aos pecadores que o rodeia aqui em casa? Ama esta pessoa as almas? Um homem assim não pode ser enviado ao campo de missão. Este homem não fará nada ali, pois não é capaz de fazê-lo aqui. E se tem a intenção de ganhar dinheiro para enviá-lo às missões, sem procurar salvar pecadores aqui, é também um hipócrita.
Artigos Práticos sobre o Cristianismo – Artigo II. 1836