Os Verdadeiros Santos

“Quem está por Jeová?” (Êxodo 32:26).

A pergunta foi dirigida por Moisés à nação que havia sido escolhida como povo de Deus, imediatamente depois que abandonaram a Deus enquanto Moisés se encontrava no Monte, quando adoraram ao bezerro de ouro que havia sido fundido para eles por Arão. Depois de admoestar a nação culpável, lhes perguntou: “Quem está por Jeová?” Não é minha intenção entrar em detalhes da história deste caso particular, senão ir diretamente ao plano que tenho para esta noite, e que consiste em mostrar que há:

TRÊS CLASSES DE CRISTÃOS PROFESSOS

I. Os verdadeiros amigos de Deus e dos homens.

II. Os que são movidos tão só pela esperança ou por temor, em outras palavras por amor a si mesmos, ou seja, por egoísmo.

III. Os que são movidos pela opinião pública.

Estas três classes podem se distinguir prestando atenção às manifestações externas em suas vidas que mostram qual é a pauta diretriz de sua religião. Não há que provar que as pessoas podem adotar a religião por motivos diferentes, alguns por amor real a religião e outros por outros motivos. As diferenças podem ser classificadas nestas três classes, e ao fixar-se no desenvolvimento de seus motivos reais para fazerem-se religiosos, nos damos conta de seu caráter. Todos professam serem servidores de Deus, e com tudo ao observar as vidas de muitos, se faz manifesto que em vez de serem os servidores de Deus, alguns só tratam de fazer que seja Deus o que sirva a eles. Seu objetivo principal é assegurar sua própria salvação, ou alguma outra vantagem para si, por meio do favor de Deus. Procuram fazer de Deus seu amigo, para que possam usá-lo por sua vez segundo sua conveniência.

I. Há uma classe de cristãos professos que são amigos de verdadeiros de Deus e dos homens.

Se alguém se fixa nas coisas que se desenvolvem do verdadeiro desígnio e objetivo de sua religião, se vê que o são. A qualidade que descola neles é a benevolência verdadeira e sincera.

1. Manifestarão isto porque se esforçam em evitar o pecado.

Mostrarão que o aborrece neles mesmos e que o aborrece nos outros. Não justificam neles e o aborrece nos outros. Não buscaram cobrir com desculpas seus próprios pecados, nem trataram de cobrir ou desculpar os pecados dos demais. Em uma palavra, seu objetivo é a PERFEITA SANTIDADE. Este curso de ação faz evidente que são verdadeiros amigos de Deus. Não quero dizer com isto que cada verdadeiro amigo de Deus é perfeito, como não é perfeito todo filho obediente e afetuoso, nem cumpre sem falta seu dever sempre para com os seus pais. Mas se é um filho obediente seu objetivo é obedecê-lo sempre, e se falta com respeito, de modo algum o justifica ou se desculpa, ou trata de dissimulá-lo, senão que assim que pensa na coisa se sente descontente consigo mesmo e condena sua conduta.

E assim estas pessoas que são verdadeiros amigos de Deus e dos homens, sempre estão dispostos a queixar-se de si mesmo e a acusar-se e condenar-se pelas coisas que não estão bem. Mas se vê que nunca acham faltas em Deus. Nunca se ouve que se desculpem lançando a culpa em seu Criador, dizendo que não são capazes de obedecer a Deus, ou falando como se Deus requeresse coisas impossíveis das criaturas. Sempre falam mostrando que estão convencidos que o que Deus requer é reto e racionável, e eles são os que têm a culpa da desobediência.

2. Manifestam um profundo aborrecimento pelos pecados dos outros.

Não tratam de dissimular os pecados dos outros, nem os desculpam, defendem ou passam por alto, dizendo que “talvez isto” ou “talvez aquilo”. Nunca se lhe ouve que se desculpem pelo pecado. Tal como se indignam ante seu próprio pecado são justos também quando o vêem em outros. Fazem-se responsáveis de sua terrível natureza, e a aborrecem sempre.

3. Outra coisa em que seu espírito se manifesta é sua diligência pela honra e pela glória de Deus.

Mostram o mesmo ardor para fomentar a honra e interesses de Deus que o verdadeiro patriota ostenta a favor dos interesses e honra de sua pátria. O que ama de veras seu país, seu governo e seus interesses põe seu coração em fazer progredir e em honrar a seu país. Ou mesmo um filho que ama verdadeiramente a seu pai, nunca está contente até que possa fazer algo a favor da honra e interesse de seu pai. E nunca se sente mais indignado do que quando alguém falta a seu pai ou o injuria. Se ele vê seu pai desobedecido ou abusado por aqueles que lhe devem obediência, amor e honra, seu coração se quebranta com uma indignada aflição.

Há multidões de cristãos professos, inclusive ministros, que são muito zelosos em defender seu próprio caráter e sua própria honra. Mas esta classe se sente muito mais afetada quando a causa que há de defender é a honra e interesse de Deus. Estes são os verdadeiros amigos de Deus e do homem.

4. Mostram que participam nos sentimentos de Deus aos homens.

Sentem pelas almas a mesma classe de simpatia que Deus sente. Não quero dizer no mesmo grau, senão o mesmo tipo ou classe de sentimentos. Há neles um amor a suas almas e um ódio a sua conduta. Há algo que poderia chamar-se uma simpatia constitucional ou natural, que permita a pessoa sentir afeto pelos que estão em dificuldades. Isto é natural. Isto ocorre sempre, a menos que um, motivado por alguma razão egoísta, tenha sentimentos de malevolência. É visto que se enforcam a um malfeitor é natural sentir compaixão. O efeito ou simpatia que sentiriam os maus por ele é distinto.

Há outra classe de simpatia peculiar que sente o verdadeiro filho de Deus e que manifesta aos pecadores. É uma mistura de aborrecimento e compaixão, de indignação a seus pecados e piedade a sua pessoa. É possível sentir este profundo aborrecimento ao pecado misturado com profunda compaixão pelas almas, que são capazes de felicidade eterna mas contudo se dirigem a sua desgraça eterna.

Vou explicar-me: há duas classes de amor: uma é o amor da benevolência. Este não faz diferenças no caráter da pessoa amada, senão que simplesmente vê o indivíduo como exposto ao sofrimento e à desgraça. Isto é o que sente Deus aos homens. A outra classe inclui a estima ou aprovação do caráter. Deus a sente só aos justos. Nunca sente esta classe de amor aos pecadores. Deus os aborrece infinitamente. Tem uma mistura de forte compaixão e aborrecimento ao mesmo tempo. Os cristãos têm os mesmos sentimentos, ainda que não no mesmo grau, mas têm os dois ao mesmo tempo. Provavelmente nunca se sentem bem a menos que tenham estes dois sentimentos, compaixão e aborrecimento, em exercício ao mesmo tempo. O cristão não sentirá o que Deus sente aos indivíduos, nem com respeito ao verdadeiro caráter dos indivíduos, a menos que haja nele uma mistura dos dois ao mesmo tempo. Isto se vê como uma característica surpreendente. O cristão reprova de modo claro e freqüente àqueles pelos quais sente a mais profunda compaixão. Você não tem visto isto? Não tem visto um pai cheio de compaixão pelo filho, repreendendo com lágrimas e ao mesmo tempo com uma severidade que faz tremer o pequeno ofensor. Jesus Cristo manifestou freqüentemente e intensamente estas duas emoções. Chorou sobre Jerusalém, e contudo nos deixa a razão de uma maneira que mostra esta ardente indignação sobre sua conduta. “Jerusalém, Jerusalém, que mata aos profetas e apedreja aos que são enviados a ti!” Ah, que visão mais clara de sua maldade no mesmo momento em que estava chorando de compaixão pela sentença que pertencia a eles!

O mesmo pode dizer-se desta classe de cristãos. Nunca se encontra a algum deles que se dirija a um pecador meramente com a finalidade de fazer-lhe chorar porque outro está chorando por ele. Mas suas ternas apelações vão acompanhadas de uma firme repreensão do pecado.

Quero lembrá-los este ponto, que o verdadeiro amigo de Deus e do homem nunca se põe do lado do pecador, porque nunca atua por mera compaixão. E ao mesmo tempo, nunca denuncia ao pecador sem ao mesmo tempo manifestar compaixão por sua alma e um forte desejo de salvá-lo da morte.

5. É um objetivo proeminente destes cristãos, em todas suas relações com os homens, o procurar fazê-los amigos de Deus.

Tanto na conversação como na oração, ou atendendo aos deveres da vida, seu objetivo proeminente é recomendar a religião e dirigir-lhes a glorificar a Deus. É muito natural que façam isto, se são verdadeiros amigos de Deus. Um amigo verdadeiro do governo deseja que todo o mundo seja amigo do governo. Um filho afetuoso deseja que todo o mundo ame e respeite a seu pai. E se alguém está em inimizade com ele, se esforça para efetuar uma reconciliação. O mesmo pode esperar-se de um verdadeiro amigo de Deus, que fará um objetivo proeminente de sua vida, uma característica proeminente de seu caráter, o reconciliar os pecadores com Deus.

Agora bem, se esta não é a característica proeminente de teu caráter, se não é o ponto máximo de interesse em teu pensamento e esforço em reconciliar aos homens com Deus, te falta a base neste ponto. Por mais que possas ter aparência de religião te falta a característica diretiva e fundamental da verdadeira piedade, a marca do caráter e objetivo de Jesus Cristo e dos apóstolos e profetas. Olhe a eles, e veja suas figuras destacadas firmes e eternas, com esta intenção básica em suas vidas. Deixe-me agora que te pergunte qual é o objetivo central de tua vida, tal como te mostras em teu andar cotidiano. Não é levar a todos os inimigos de Deus à submissão? Se não é assim, não há o verdadeiro amor de Deus em ti.

6. Onde há pessoas desta classe verás que evitam de modo escrupuloso tudo o que consideram que pode contribuir a por estorvos a seu grande objetivo.

Procuram sempre evitar tudo o que pode impedir a salvação de almas, tudo o que pode distraí-los de alguma forma da conversão de almas. A pergunta natural que se fazem, quando há algo duvidoso não é: “É isto algo que Deus proíbe de modo expresso?” A primeira pergunta que aparece de modo espontâneo em sua mente é: “De que forma afetará isto à religião? Terá tendência a impedir a conversão dos pecadores, a estorvar o progresso dos avivamentos, a frear as rodas do carro da salvação?” Se é assim, não necessitam que tragam as ameaças desde o Sinai proibindo-o. Vêem que é contrário ao espírito da santidade e ao principal objetivo que têm em vista.

Demos uma olhada na reforma da temperança como uma ilustração disto. Aqui deixe-me dizer que era a influência da intemperança no impedimento da conversão e salvação de pecadores que tiraram primeiramente a atenção de homens benevolentes que iniciaram com a reforma, ao pesquisar o assunto. E esta mesma classe de pessoa a leva adiante. Tais homens não ficam parados criticando todos os passos do caminho, dizendo: “Beber rum não é proibido em nenhum lugar da bíblia e eu não me sinto impelido de larga-lo.” Eles vêem que isto impede o grande objeto pelo qual eles vivem, e isto é suficiente para eles, eles o largam é claro. Eles evitam qualquer coisa que eles vêem que impediria um avivamento, devido é claro, como um comerciante que evitaria qualquer coisa que tivesse a tendência de prejudicar seu credito, ou que abatesse seu objetivo em fazer dinheiro por seus negócios. Suponha um comerciante que estivesse por fazer alguma coisa que você saiba que iria danificar seu crédito, e você vai até ele como um grande amigo e aconselha a ele para não fazer isto, ele iria se virar e dizer: “Mostre-me a passagem onde Deus proibiu isto na Bíblia?” Não. Ele não pede para você mostrar a ele nada alem disso, que é inconsistente com o seu grande desígnio.

A pessoa que deseja intensamente a conversão dos pecadores não necessita uma expressa proibição para deixar de fazer algo: lhe basta com ver que é um perigo para o principal objetivo de sua vida.

7. Esta classe de cristão está sempre angustiada a menos que vejam que progride o trabalho de converter pecadores.

Consideram que a igreja está num estado lamentável se não se convertem pecadores. Não importa o demais, o rico que seja a congregação, o popular que seja o pastor, nem quantos assistem às reuniões, nem quantos vão ouvi-lo; o que faz palpitar seu coração é ver que a obra de conversão de pecadores está progredindo. Vêem que tudo o demais não é suficiente sem isto; e mais, inclusive os meios de graça causam mais dano do que benefício a menos que o pecador se converta.

Os que professam a religião assim têm grandes dificuldades com os que são religiosos por outros motivos, e que portanto desejam manter tudo quieto, e que tudo siga “como sempre tem sido”. E notemos bem, se uma igreja tem uns quantos membros deste tipo não será muito confortável para o pastor a menos que sua pregação vá dirigida a converter pecadores. Estes cristãos reprovam às vezes a igreja, por viver fria e mundanamente. A igreja contesta: “Oh, estamos muito bem, tudo vai prosperando, só são vocês os que estão desassossegados.” Quando de fato seus corações estão agravados e suas almas agonizam porque não se convertem pecadores e as almas vão descendo ao inferno.

8. Os verás, quando manifestam um espírito de oração, que rogam pelos pecadores, não por eles mesmos.

Se você conhece o tom habitual das orações de uma pessoa se vê qual é a direção em que se movem seus sentimentos. Se um homem é movido na religião pelo desejo de salvar sua alma, principalmente, verás que ora basicamente por si mesmo, que seus pecados sejam perdoados, que “goze” do Espírito de Deus, e coisas semelhantes. Mas se é um verdadeiro amigo de Deus e do homem, se verá que a carga de suas orações é para a glória de Deus e a salvação dos pecadores; e nunca é mais poderoso e abundante na oração do que quando fale de seu tema favorito: a conversão dos pecadores. Vá a uma reunião de oração na que oram estes cristãos, e em vez de vê-los que se fecham na casca de seus próprios interesses, passando toda oração orando por si mesmos, passam toda a oração orando pelas almas dos pecadores. Creio que tem havido cristãos deste tipo, tão absorvidos nos desejos da salvação dos pecadores, que durante semanas não tem orado por sua própria salvação. Ou se oram em favor seu alguma vez, é para que sejam revestidos do Espírito de Deus, para que possam sair e obrar poderosamente no nome de Deus arrancando almas do fogo.

Os que estão aqui podem dizer-me que tal são vossas orações, se sentem e oram principalmente por vocês ou pelos pecadores. Se não sabem nada do espírito de oração pelos pecadores, não são amigos verdadeiros de Deus e dos homens. O que? Como você não pode sentir dor no seu coração ao ver que os pecadores ao seu lado se dirigem ao inferno? Não sente simpatia pelo Filho de Deus, que deu sua vida para salvar aos pecadores! Basta, basta!, não se necessita este tipo de seguidores da religião. “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, o tal não é dele.” Não me diga que uma pessoa é religiosa quando repete suas orações como um pobre católico supersticioso vai repetindo orações com as contas de seu rosário. Este homem se engana, se é que se considera um verdadeiro amigo de Deus e dos homens.

9. Estas pessoas não querem perguntar quais são as coisas “requisitadas” que tem que fazer, para que se convertam os pecadores.

Quando se dão em conta de algo que lhes parece prometedor na conversão dos pecadores, não esperam a que se lhes mande que o façam com castigos e penas, no caso de omissão. Só querem a evidência de que aquilo vai contribuir ao progresso do objetivo sobre o qual têm posto seu coração, e ao qual se dedicam com toda sua alma. A pergunta que fazem não é: “O que é o que se me manda fazer?”, senão: “Em que maneira posso fazer algo mais para a salvação das almas e a conversão do mundo a Deus?” Não esperam ordens específicas para dedicar-se às missões, à Escola Dominical ou qualquer outra empresa que prometa salvar almas; senão que estão dispostos para toda boa obra e para trabalhar.

10. Outra característica destes cristãos é uma disposição a negar-se a si mesmo para fazer bem aos outros.

Deus estabeleceu por todo o universo o princípio do DAR. Inclusive no mundo natural, os rios, o oceano, as nuvens, todos dão. O mesmo ocorre em todo o reino da natureza e da graça. Este princípio difusivo está reconhecido por todas as partes. Este é o mesmo espírito de Cristo. Procura o bem dos outros, não o compadecer-se de si mesmo. Encontra sua maior felicidade em negar-se a si mesmo e fazer bem aos outros. Isto é o que marca a esta classe de indivíduos, sempre estão dispostos a negar-se a si mesmo prazeres e comodidades, inclusive o necessário, quando, ao fazê-lo, podem fazer um maior bem para os outros.

11. Estão pensando continuamente em novos meios e medidas para fazer o bem.

Isto é o que há que esperar de seu desejo contínuo de fazer bem. Em vez de dar-se por satisfeitos, de ter feito o possível quando algo não sai bem, sempre estão pensando em outros meios e maneiras de alcançar seu objetivo. Não são como as pessoas que estão satisfeitas quando tem feito o que dizem ser seu DEVER. Um indivíduo que olha principalmente a sua própria salvação, só está pensando em se faz seu dever ou cumpre esta responsabilidade, e com isso se dá por satisfeito; pensa que já escapou da ira divina e que ganhou o céu, ao fazer o que Deus lhe requerera que fizesse. Mas os dois da outra classe não se preocupam de ganhar o céu ou evitar a ira divina, senão que seu objetivo básico é salvar almas e dar honra a Deus.

12. Sempre manifestam grande pena quando vêem que a igreja está dormindo e não faz nada para a salvação dos pecadores.

Conhecem a dificuldade, a impossibilidade de fazer algo considerável para a salvação dos pecadores enquanto que a igreja esteja dormindo. Vão a uma igreja em que a maioria não faz nada para a conversão dos pecadores e flutuam seguindo a corrente do mundo. Os verdadeiros amigos de Deus e dos homens se sentem apenados por este estado das coisas.

13. Estão apenados se vêem motivos para crer que seu pastor está contemporizando ou não repreende a igreja de modo claro e decidido por seus pecados.

Os outros se encontram bem quando se lhes mimam balançando até terem sono, e desejam que o pastor pregue palavras lisonjeiras, floridas, sermões eloqüentes e bajuladores, sem poder e sem força. Mas os verdadeiros cristãos não estão satisfeitos até que pregue com poder e repreende, exorta e admoesta, com longanimidade e com doutrina abundante e estrita. Suas almas não são edificadas ou não se satisfazem com algo que não seja sólido e a propósito para fazer a obra para a qual o ministério foi estabelecido por Jesus Cristo.

14. Esta classe de pessoas sempre defendem a um ministro fiel que prega a verdade atrevidamente e de maneira mordaz.

Não importa se as verdades que dizem se dirige a eles. Sabem que quando se apresenta a verdade com força, as almas são alimentadas e crescem na graça. Podem orar por um pastor assim. Pode ser que chorem em seu aposento e vertam sua alma orando por ele para que possa ter o Espírito de Deus em si. Enquanto que os outros se queixam e lhe consideram exagerado, eles estão a seu lado e iriam para a estaca com ele para dar testemunho de Jesus. E isto é pela melhor de todas as razões, porque sua pregação cai bem com o grande objetivo pelo que vivem estes cristãos.

15. Esta classe de cristãos está especialmente apenada quando os pastores pregam sermões que não se adaptam para converter pecadores.

Quero dizer que quando um sermão não está designado para estimular e comover a igreja. Outros podem aprovar o sermão, eloqüente, lúcido, sublime, mas eles não gostam, porque lhe falta uma característica, a tendência a converter pecadores. Pode-se encontrar pessoas entusiasmadas pelas doutrinas especiais, como a da eleição, e nenhum sermão vale nada a menos que em alguma parte do mesmo se mencionem a “os eleitos”, mas se alude uma doutrina no sermão, estão satisfeitos, tanto se é apto para a conversão dos pecadores, se ouve um sermão que não é de propósito para isto, considera que lhe falta o “importante” para ser um sermão do evangelho. Mas se eles ouvem um sermão calculado para salvar almas, eles são alimentados, e suas almas se regozijam.

Daqui se pode distinguir uma assombrosa diferença no juízo que as pessoas fazem sobre a pregação. Na realidade não há melhor prova do caráter que esta. É fácil ver quem são os que estão cheios do amor de Deus e das almas, pelo juízo que fazem sobre a pregação. Os verdadeiros amigos de Deus e dos homens, quando ouvem um sermão que não é apropriado para estimular e levantar o espírito da igreja e levá-los a ação, se não há aplicação aos pecadores para que se convertam, consideram que este sermão não é para eles.

16. Vocês encontrarão esta classe de pessoas falando descontentemente sobre eles mesmos, porque não fazem mais para a conversão dos pecadores.

A pesar de quando fazem realmente para este objetivo sempre lhes parece que poderiam fazer mais. Nunca estão satisfeitos. Não há limite a seu anelo para a conversão dos pecadores. Recordo a um ancião que costumava orar até que estava exausto em favor de indivíduos, lugares e para a conversão do mundo. Uma vez, quando se encontrava exausto com a oração, exclamou: “Oh! Meu coração anelante e dolorido! Não há nada que satisfaça meus desejos insaciáveis pela conversão de pecadores. Minha alma se parte desejando isto.” Este homem, ainda que era mais útil que a imensa maioria dos outros homens de sua idade, via tanto por fazer e desejava tanto que a obra seguisse adiante e os pecadores fossem salvos, que seu corpo mortal não podia sustentá-lo. “Vejo; disse um dia; que vou morrer por falta de força para fazer mais para salvar almas de homens. Oh, quanto desejo mais força para salvar mais almas!”

17. Se você quer mover esta classe de pessoas deve usar motivos apropriados para este grande objetivo.

Se você quer fazê-los atuar, tem que lhes mostrar a situação dos pecadores, como desonram a Deus, e pronto verá que suas almas ardem com num incêndio sem ter que apelar a suas esperanças nem temores. Apresenta-lhes o grande objetivo. Mostra-lhes que podem converter pecadores, e vão lutar com Deus em oração, suas almas e seus corações sofrerão e se esforçarão até que os vejam convertidos e conformados com Cristo na esperança da glória.

Poderia mencionar muitas outras características que pertencem a esta classe de cristãos professos, os verdadeiros amigos de Deus e dos homens, se tivesse tempo suficiente. Mas temos que parar aqui. Veremos as outras duas classes na próxima noite de sexta-feira, se estivermos a disposição e o Senhor permitir

Você pertence a esta classe ou não? Tenho mencionado certos fatos fundamentais, que, quando existem, indicam o verdadeiro caráter dos indivíduos, ao mostrar qual é o principal desígnio e objetivo de sua vida. Com eles você pode dizer qual é seu caráter. Quando chegue a outra parte deste tema, me esforçarei para descrever a estes cristãos cuja diligência religiosa, orações e esforços têm outro desígnio e mostram seu caráter e como se realiza este desígnio.

E agora, queridos, peço a vocês, com Deus por testemunha. Vocês têm estas características de um filho de Deus? Sabem bem se lhe pertencem? Podem dizer: “Oh, Senhor, você sabe todas as coisas, você sabe que te amo e estas são as características de meu caráter!”

Notas: Artigos Práticos sobre o Cristianismo – Artigo V. 1836

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