Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério (Hebreus 6:4-6).
Há alguns lugares na Europa que têm sido os cenários de freqüentes guerras, como por exemplo, o reino da Bélgica, que poderia ser chamado de o campo de batalha da Europa. A guerra tem se alastrado por toda a Europa, porém em alguns tristes lugares, batalha após batalha tem sido travada. Assim também, quase não há uma só passagem da Escritura que não tenha sido disputada entre os inimigos da verdade e os defensores dela; mas esta passagem, com uma ou duas outras, tem sido objeto de ataques especiais. Este é um dos textos que tem sido pisoteado pelos pés da controvérsia; e há opiniões sobre ele tão opostas como os pólos, alguns afirmando que significa uma coisa, e outros declarando que significa outra. Acreditamos que algumas delas se aproximam mais da verdade; contudo, outras se apartam desesperadamente da mente do Espírito. Chegamos a esta passagem com a intenção de lê-lo com a simplicidade de uma criança, e declarar seja o que for que encontremos ali; e se o que declararmos não parecer concordar com algo que tenhamos sustentado até aqui, estaremos preparados para lançar fora qualquer doutrina nossa, antes que uma só passagem da Escritura.
Olhando para o escopo da passagem inteira, parece-nos que o apóstolo queria motivar os discípulos a prosseguir. Há uma tendência na mente humana de parar um pouco antes do alvo celestial. Tão logo alcançamos os primeiros rudimentos da religião, e tenhamos passado pelo batismo, e entendido a ressurreição dos mortos, há uma tendência em nós de sentarmos quietos; de dizer: “Eu passei da morte para vida; aqui posso parar e descansar”; contudo, a vida cristã não tem por meta que nos sentemos quietos, mas sim a de ser uma carreira, um movimento perpétuo. O apóstolo, portanto, se esforça e urge os discípulos para que sigam adiante, e corram com diligência a carreira celestial, olhando para Jesus. Ele lhes diz que não é suficiente ter, num certo dia, passado por uma certa mudança gloriosa – ter experimentando num certo momento uma operação maravilhosa do Espírito; ma ele lhes ensina que é absolutamente necessário que tenham o Espírito durante toda a vida – que eles devem, enquanto viverem, progredir na verdade de Deus. Para fazê-los perseverar, se possível, eles lhes mostra que se não o fizerem, eles devem, com toda certeza, perecer; pois não há outra salvação além daquela que Deus já lhes havia concedido, e se esta salvação não os guardar, e não lhes fizer progredir, e se não apresentá-los sem mancha diante de Deus, não poderá haver outra salvação. Porque é impossível, ele diz, que os que já uma vez foram iluminados, , e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento.
Iremos, nesta manhã, responder uma ou duas perguntas. A primeira pergunta será: Quem são as pessoas aqui mencionadas? São verdadeiros cristãos ou não? Em segundo lugar: O que se quer dizer por recaíram? E em terceiro lugar: O que se pretende dizer quando se afirma que é impossível que sejam renovados para arrependimento?
I. Em primeiro lugar, então, responderemos a pergunta: QUEM SÃO AS PESSOAS AQUI MENCIONADAS? Se você ler o Dr. Gill, o Dr. Owen, e quase todos os eminentes escritores calvinistas, todos eles afirmam que estas pessoas não são cristãs. Eles dizem que aqui é dito o suficiente para descrever um homem que é um cristão externamente, mas não o suficiente para dar a descrição de um crente verdadeiro. Agora, me parece que eles não teriam dito isto se não houvessem tido que sustentar alguma doutrina; pois uma criança, lendo esta passagem, diria que as pessoas de quem se falam aqui devem ser cristãs. Se o Espírito Santo quisesse descrever cristãos, não vejo que teria podido usar termos mais explícitos que os que estão aqui. Como se pode dizer que um homem tenha sido iluminado, e que tenha provado o dom celestial, e feito participante do Espírito Santo, sem que tenha sido feito um filho de Deus? Com todo o respeito que merecem todos estes versados doutores, e eu amo e admiro a todos eles, humildemente penso que eles permitiram que seus juízos fossem um pouco torcidos quando disseram isso; e penso que poderei mostrar que ninguém senão os crentes verdadeiros são aqui descritos.
Em primeiro lugar, eles são ditos como tendo sido uma vez iluminados. Isto se refere à influência iluminadora do Espírito de Deus, derramada na alma no momento da convicção, quando o homem é iluminado com respeito ao seu estado espiritual, e se lhe mostra que coisa tão má e amarga é pecar contra Deus, e é levado a sentir quão impotente é para levantar-se da tumba da corrupção, e é adicionalmente iluminado para pode ver que “pelas obras da lei nenhuma carne será justificada”, e para contemplar a Cristo sobre a cruz, como a única esperança do pecador. A primeira obra da graça é iluminar a alma. Por natureza estamos completamente nas trevas; o Espírito, como uma lâmpada, derrama Sua luz no coração entenebrecido revelando sua corrupção, mostrando seu triste estado de indigência, e no momento devido, revelando também a Jesus Cristo, para que em Sua luz possamos ver a luz. Eu não posso considerar que um homem esteja verdadeiramente iluminado a menos que seja um filho de Deus. O termo não indica uma pessoa ensinada por Deus? A experiência cristã não está composta somente disso; porém, não é uma parte dela?
Tendo nos iluminado, como o texto diz, a próxima coisa que Deus nos concede é um provar do dom celestial, pelo que entendemos o dom celestial da salvação, incluindo o perdão dos pecados, a justificação pela justiça imputada de Jesus Cristo, a regeneração pelo Espírito Santo, e todos aqueles dons e graças, que na primeira aurora da vida espiritual transmitem a salvação. Todos os crentes verdadeiros provaram do dom celestial. Não é suficiente para um homem o ser iluminado; a luz pode resplandecer em seus olhos e, contudo, ainda morre; ele deve provar, assim como ver que o Senhor é bom. Não é suficiente que eu veja que sou corrupto; eu devo provar que Cristo é capaz de remover minha corrupção. Não é suficiente para mim saber que Ele é o único Salvador; eu devo provar de Sua carne e de Seu sangue, e ter uma união vital com Ele. Acreditamos que quando um homem foi iluminado e teve uma experiência da graça, ele é um cristão; e seja o que for que aqueles grandes teólogos possam sustentar, não podemos acreditar que o Espírito Santo descreveria um homem não regenerado como tendo sido iluminado, e como tendo provado do dom celestial. Não, meus irmãos, se eu provei do dom celestial, então, esse dom celestial é meu; se experimentei alguma vez o amor de meu Salvador, então eu sou Dele; se Ele me trouxe aos pastos verdejantes, e me fez provar das águas tranqüilas e da terna grama, não preciso temer se sou realmente um filho de Deus.
Então, o apóstolo dá uma descrição adicional, um estado mais alto da graça: santificação pela participação do Espírito Santo. É um privilégio peculiar aos crentes, depois de terem primeiro provado do dom celestial, serem feitos participantes do Espírito Santo. Ele é um Espírito que habita interiormente; Ele habita nos corações, nas almas e nas mentes dos homens; Ele faz desta carne moral Sua morada; Ele faz de nossa alma Seu palácio, e ali Ele descansa; e nós afirmamos (e cremos, sobre a autoridade da Escritura), que nenhum homem pode ser feito participante do Espírito Santo e, todavia, não ser regenerado. Onde o Espírito habita deve haver vida; e se eu participo do Espírito Santo, e tenho comunhão com Ele, então, posso descansar seguro de que minha salvação foi comprada pelo sangue do Salvador. Tu não deves temer amado; se tens o Espírito Santo, tu tens isso que assegura tua salvação; se tu, por uma comunhão interna, podes participar de Seu Espírito, e se por um perpétuo habitar o Espírito Santo descansa em ti, tu não somente és um cristão, mas tens alcançado certa maturidade em e pela graça. Tu tens ido além da mera iluminação: tens passado do simples provar – tens chegado a um verdadeiro festim e a uma participação do Espírito Santo.
Contudo, para que não haja nenhuma dúvida acerca de que essas pessoas são filhos de Deus, o apóstolo prossegue para um novo estágio da graça. Eles “provaram a boa palavra de Deus”. Agora, me aventuro a dizer que há aqui alguns bons cristãos que provaram o dom celestial, mas que nunca “provaram a boa palavra de Deus”. Com isto quero dizer que eles são verdadeiros convertidos, provaram o dom celestial, mas não cresceram tão fortalecidos na graça a ponto de conhecerem a doçura, a riqueza e a abundância da própria palavra que os salva. Eles foram salvos pela palavra, mas não chegaram a ponto de compreender e amar e se alimentar da palavra, como muitos outros têm feito. Uma coisa é Deus operar uma obra da graça na alma, e outra coisa totalmente diferente é Deus nos mostrar tal obra; uma coisa é a palavra operar em nós – e outra coisa é que nós, de maneira real e habitual, possamos saborear, provar e regozijar nessa palavra. Alguns de meus ouvintes são cristãos verdadeiros; mas eles não chegaram ao estágio onde eles podem amar a eleição, e tragá-la como um doce bocado, na qual podem contemplar as grandiosas doutrinas da graça, e alimentar-se delas. Porém, estas pessoas tinham alcançado esse estágio. Tinham provado a boa palavra de Deus, assim como recebido o dom celestial: eles tinham alcançado tal estágio pois amavam a palavra, a provaram e tinham tido um festim com ela. Ela era o seu braço direito; consideravam-na mais doce do que o mel – ah, mais doce que o licor dos favos. Eles tinham “provado a boa palavra de Deus”. Eu digo novamente: se estas pessoas não são crentes, o que são?
E eles tinham ido mais adiante. Eles tinham alcançado o cume da piedade. Eles tinham recebido “os poderes do mundo vindouro”. Não os dons miraculosos, que nos são negados nestes dias, mas todos aqueles poderes com os quais o Espírito Santo capacita um cristão. E quais são? Ora, há o poder da fé, que ordena até mesmo que os próprios céus chovam, e eles chovem, ou tapa os containeres dos céus, para que não chovam. Há o poder da oração, que coloca uma escada entre o céu e a terra, e ordena que o anjo suba e desça, para levar nossas necessidades a Deus, e trazer bênçãos de cima. Há o poder com o qual Deus cinge o seu servo quando fala por inspiração, que o capacita para instruir a outros, e levá-los a Jesus; e qualquer outro pode de haja – o poder de manter comunhão com Deus, ou o poder de pacientemente esperar o Filho do Homem – eram possuídos por estes indivíduos. Eles não eram simplesmente filhos, mas homens; não estavam meramente vivos, mas dotados com poder; eram homens com músculos firmes e ossos fortes; eles tinham se tornados gigantes na graça, e não somente recebido a luz, mas também os poderes do mundo vindouro. Seja qual for o significado do texto, devemos dizer que eles eram, indubitavelmente, cristãos reais e verdadeiros , e nenhuma outra coisa mais.
II. E agora responderemos a segunda pergunta: O QUE SE QUER DIZER POR RECAÍRAM?
Devemos recordar nossos amigos que há uma vasta distinção entre recair [NT: apostatar] e cair [1]. A Escritura não menciona em nenhuma parte que se um homem cai, ele não pode ser renovado; pelo contrário, “sete vezes cairá o justo, mas ele se levantará novamente”; e embora muitas vezes o filho de Deus caia, o Senhor ainda sustenta o justo; sim, quando nossos ossos estão quebrados, Ele restaura nossos ossos outra vez, e nos coloca uma vez mais sobre uma rocha. Ele diz: “Voltai, oh filhos rebeldes; porque eu sou como esposo para vós”; e se o cristão tropeça e se aparta de Deus, ainda assim a misericórdia todo-poderosa clama: “Voltai, voltai, voltai, e buscai o coração de um Pai ferido”. Ele ainda chama seus filhos de volta. Cair não é recair [NT: isto é, cair de maneira final e irremediável]. Permita-me explicar-lhes a diferença; pois um homem que cai pode comportar-se como um que cai definitivamente; e, contudo, há uma grande distinção entre os dois. Eu não posso usar uma melhor ilustração do que a distinção entre desmaiar e morrer. Ali jaz uma jovem criatura; ela com muita dificuldade pode respirar, não pode por ela mesma levantar sua mão, e se levantada por alguém, de imediato cai. Ela está fria e dura; ela está desmaiada, mas não morta. Há outra pessoa ali, tão fria e dura como ela está, mas há esta diferença – ela está morta. O cristão pode desmaiar, e pode cair no meio do desmaio também, e alguém poderá levantar e afirmar que está morto; porém não está. Se cai, Deus o levantará novamente; porém se recai [NT: cair definitivamente, apostatar], nem o próprio Deus pode salvá-lo. Porque é impossível, se o justo recai, “que seja outra vez renovado para arrependimento”.
Além do mais, recair não é cometer pecado, sob uma tentação que surpreende temporariamente. Abraão vai para o Egito; ele teme que sua esposa seja levada para longe dele, e ele diz: “Ela é minha irmã”. Este foi um pecado cometido sob uma surpresa temporal – um pecado, do qual, não muito tempo depois, ele se arrependeu e Deus o perdoou. Isto é cair; mas não é recair. Até mesmo Noé pode cometer um pecado, o qual degradou sua memória até os nossos dias, e o desonrará até o final dos tempos; porém, sem dúvida, Noé se arrependeu e foi salvo pela graça soberana. Noé caiu, mas não recaiu. Um cristão pode de desviar uma vez, e voltar rapidamente outra vez; e embora seja uma coisa triste, dolorosa e má o ser surpreendido em pecado, todavia, há uma grande diferença entre este e o pecado que seria ocasionado por uma recaída total da graça.
Nem pode ser dito que um homem que comete um pecado, sem ser necessariamente surpreendido, recaiu. Eu creio que alguns cristãos – (Deus não permita que digamos muito a respeito! – cubramos com um manto a nudez de nosso irmão), mas creio que há alguns cristãos que, durante um período de tempo, foram desviados pelo pecado e, todavia, não recaíram positivamente. Ali está o caso negro de Davi – um caso que tem confundido a milhares. Certamente durante alguns meses, Davi viveu sem fazer uma confissão pública de seu pecado, porém, sem dúvida, sentia dores em seu coração, pois a graça não tinha cessado sua obra: havia uma centelha entre as cinzas que Natã instigou, que nos mostra que Davi não estava morto, pois do contrário o fósforo que o profeta riscou não teria produzido luz tão rapidamente. E assim, amados, vocês podem se desviar no pecado por um tempo, e se apartarem de Deus; e, contudo, vocês não são as pessoas cujo caráter é aqui descrito, em relação aos quais é dito que é impossível que sejam salvos; mas, ainda que vocês se desviem, vocês ainda são os filhos de seu pai, e a misericórdia clama: “Arrependei-vos, arrependei-vos; voltai para o vosso primeiro marido, porque melhor lhes seria então do que agora. Voltai, oh desviados, voltai”.
Novamente, recair não é nem sequer renunciar à profissão. Alguns dirão: Por exemplo, ali está fulano de tal; ele costumava fazer uma profissão do Cristianismo, e agora ele o nega, e o que é pior, ousa amaldiçoar e jurar, e diz que nunca conheceu a Cristo. Certamente ele deve ter recaído”. Meus amigos, ele caiu, caiu de forma horrível e pesarosa; porém, me recordo um caso na Escritura de um homem que negou a seu Senhor e Deus diante de Sua própria face. Vocês lembram seu nome; ele é um velho amigo de vocês – nosso amigo Simão Pedro! Ele negou com juramentos e maldições, e disse, “Não conheço esse homem”. E, contudo, Jesus olhou para Simão. Ele tinha caído, mas não tinha recaído; pois, somente dois ou três dias depois disso, ali estava Pedro na tumba de seu Mestre, tendo corrido para esse lugar para encontrar-se com seu Senhor, para ser um dos primeiro a encontrá-Lo ressurreto. Amados, vocês podem até ter negado a Cristo numa profissão aberta e, contudo, se arrependem, há misericórdia para vocês. Cristo não lhes lançará fora; vocês ainda se arrependerão. Vocês não recaíram. Se tivessem, não poderia pregar-lhes; porque é impossível que os que tenham recaído sejam outra vez renovados para arrependimento.
Mas alguém dirá: “O que é recair?” Bem, nunca houve um caso disso,portanto, não posso descrevê-lo por observação; mas eu direi o que suponho que seja. Recair seria ter o Espírito Santo tirado totalmente de um homem – Sua graça inteiramente cessada; não estar dormindo, mas deixar de ser – que Deus, que começou uma boa obra, deixe de completá-la inteiramente – é o retirar completo e inteiro de Sua mão e dizer: “Está bem, homem! Eu te salvei; agora te condenarei”. Isto é o que significa recair. Não é pecar temporalmente. Um filho pode pecar contra seu pai, e ainda assim estar vivo; mas recair é como cortar completamente a cabeça do filho. Não cair meramente, pois então nosso Pai pode nos levantar, mas ser lançado num precipício, onde estamos perdidos para sempre. Recair envolveria uma mudança na natureza viva da graça de Deus. A imutabilidade de Deus se tornaria variável, e a fidelidade de Deus se tornaria mutável, e o próprio Deus teria Sua Deidade retirada; porque todas estas coisas seriam requeridas para uma recaída.
III. Mas se um filho de Deus pode recair, e a graça pode cessar no coração de um homem – agora vem a terceira pergunta – Paulo diz, É IMPOSSIVEL QUE SEJAM RENOVADOS. O que o apóstolo quer dizer? Um eminente comentarista diz que ele quis dizer que seria muito difícil. Seria muito difícil, certamente, para um homem que recaiu, ser salvo. Mas replicamos: “Meu querido irmão, não é dito absolutamente nada acerca de que é muito difícil; é dito que é impossível, e dizemos que seria absolutamente impossível, se tal caso suposto acontecesse; impossível para o homem, e também impossível para Deus; porque Deus propôs que Ele nunca concederá uma segunda salvação para salvar aqueles a quem a primeira salvação falhou em libertar. Parece-me, contudo, que ouço alguém dizer: “Parece-me que é possível para alguns recair”, pois é dito: “é impossível, se eles recaírem, renová-los novamente para arrependimento”. Bem, meu amigo, vou considerar sua teoria por um momento. Você é um bom cristão nesta manhã; apliquemos isto a você mesmo, e vejamos se te agrada. Você creu em Cristo, e entregou sua alma a Deus, porém pensa que num momento desafortunado podes recair inteiramente. Observe bem, se você vir a mim e me disser que recaiu, como gostaria de que dissesse: “Meu amigo, você está tão condenado como o demônio no inferno! Pois é impossível te renovar para arrependimento?” “Oh! Não, senhor”, você diria, “vou me arrepender novamente e me unir à Igreja”. Essa é precisamente a teoria arminiana; mas não se encontra na Escritura de Deus. Se você alguma vez recair, estás tão condenado como qualquer pessoa que sofre no inferno para sempre. Contudo, temos escutado um homem falar sobre pessoas sendo convertidas três, quatro e até cinco vezes, e regeneradas repetidamente. Lembro-me de um bom homem (suponho que era) apontando para um homem que estava andando na rua, e dizendo: “Aquele homem nasceu de novo três vezes, e isso eu sei com certeza”. Eu poderia mencionar o nome do indivíduo, mas me abstenho de fazê-lo. “E eu creio que ele vai cair novamente”, disse ele, “pois é tão apegado à bebida, que eu não creio que a graça de Deus possa fazer algo por ele, a menos que ele se torne um abstêmio”. Agora, tais homens não podem ler a Bíblia; pois no caso de seus membros recaírem positivamente, o texto diz que, como um fato positivo, é impossível que sejam outra vez renovados para arrependimento. Mas eu pergunto ao meu amigo arminiano: acaso não crês que enquanto haja vida, há esperança? “Sim”, ele diz:
“Enquanto a lâmpada está ardendo,
O mais vil dos pecadores pode retornar.”
Bem, isso não é muito consistente, dizer isto logo após o que nos disseste, ou seja, que há algumas pessoas que recaem e, conseqüentemente, caem em tal condição que não podem ser salvas. Eu gostaria de saber como estas duas coisas se encaixam; eu gostaria que você fizesse estas duas doutrinas concordarem; e até que um indivíduo empreendedor traga o pólo norte, e o coloque sobre o topo do sul, não vejo como poderá fazer isso. O fato é que você está totalmente certo em dizer: “Enquanto há vida, há esperança”; porém estás errado quando diz que qualquer indivíduo que caia em tal condição pode ser salvo, pois é impossível para ele ser salvo.
Faremos agora duas coisas: primeiro, provar a doutrina, de que se um cristão recai, ele não pode ser salvo; e, em segundo lugar, aprimorar a doutrina, ou seja, mostrar sua aplicação,
I. Então, vou provar a doutrina de que se um cristão recair – não cair, porque vocês entendem o que já lhes expliquei; mas se um cristão cessa de ser um filho de Deus, e se a graça é extinta de seu coração – ele está além da possibilidade de salvação, e é impossível para ele ser renovado. Permita-me mostrar o por que. Primeiro, é absolutamente impossível, se vocês considerarem a obra que já foi arruinada. Quando os homens constroem pontes sobre os rios, se eles elas tem sido construídas com os materiais mais fortes e com a técnica mais excelente e, todavia, o fundamento são tão maus que não suportará nada, o que eles dizem? Dirão: “Já temos testado o melhor que a engenharia ou arquitetura nos tem ensinado; o melhor já falhou; não conhecemos nada que possa superar os materiais que temos testado; e, portanto, sentimos que não resta nenhuma possibilidade de poder colocar uma ponte nesse rio, ou cruzar uma linha de estrada de ferro neste lamaçal, ou neste pântano, porque já testamos o que é reconhecido como o melhor sistema”. Como o apóstolo diz, “estas pessoas foram uma vez iluminadas; elas estiveram sob a influência do Espírito Santo, revelando-lhes o seu pecado: o que resta para ser provado? Eles foram uma vez convencidos – há algo superior a esta convicção?” A Bíblia promete ao pobre pecador que haja algo além da convicção de seu pecado que o faça sensível ao mesmo? Há algo mais poderoso que a espada do Espírito? Se isto não tem transpassado o coração do homem; há alguma outra coisa que possa fazê-lo? Eis aqui um homem sob o martelo da lei de Deus; mas isso não tem quebrado o seu coração; você pode encontrar algo mais forte? A lâmpada do Espírito de Deus já iluminou as cavernas de sua alma; se isto não for suficiente, onde você tomará outra emprestada? Pergunte ao sol: acaso ele tem uma lâmpada que brilhe mais do que a iluminação do Espírito? Pergunte às estrelas: acaso elas têm uma luz mais brilhante que a luz do Espírito Santo? A criação responde que não. Se isso falha, então, não resta mais nada. Além do mais, estas pessoas provaram o dom celestial; e embora elas tenham sido perdoadas e justificadas, contudo, o perdão por meio de Cristo e a justificação não foram suficientes (segundo esta suposição) para salvá-los. De que outra maneira podem eles ser salvos? Deus lançou-os fora; depois que Ele falou em salvá-los por estes meios, que outra coisa poderá libertá-los? Eles já provaram o dom celestial; há uma misericórdia maior para eles? Há algum vestido mais brilhante que o traje da justiça de Cristo? Há algum banho mais eficaz que essa “fonte repleta de sangue?” Não. Toda a terra ecoa: “Não”. Se estas coisas falharam, o que mais resta?
Estas pessoas, também, foram feitas participantes do Espírito Santo; se isso falha, o que mais podemos lhes dar? Meus ouvintes, se o Espírito Santo habita em tua alma, e esse Espírito Santo não te santifica e te guarda até o fim, que outra coisa poderá ser provada? Porque ao que blasfema se ele conhece um ser, ou ousa supor a existência de um ser superior ao Espírito Santo! Há um ser maior do que a Onipotência? Há algum poder maior que esse que habita no coração nascido de novo dos crentes? E se o Espírito Santo já falhou, oh, céus! Diga-nos onde podemos encontrar algo que sobre-passe o Seu poder. Se Ele é ineficaz, o que resta para ser experimentado? Estas pessoas também já tinham “provado a boa Palavra da Vida”; eles amavam as doutrinas da graça; essas doutrinas tinham entrado em suas almas, e eles haviam se alimentado delas. Que novas doutrinas podem ser pregadas a eles? Profetas dos tempos! Onde vocês encontrarão outro sistema de teologia? A quem teremos? Levantaremos Moisés da tumba? Traremos a todos os antigos videntes, e lhes pediremos que profetizem? Se, então, há somente uma doutrina que é verdadeira, e essas pessoas recaíram após recebê-la, como poderão ser salvas?
Novamente, estas pessoas, de acordo com o texto, provaram “os poderes do mundo vindouro”. Eles tinham tido o poder para vencer o pecado – poder na fé, poder na oração e poder na comunhão; com que maior poder poderiam ser dotados? Se isto já falhou; o que mais pode ser feito? Oh, vós, anjos! Respondei, o que mais? Que outros meios ainda restam? Que outra coisa podemos usar, se as grandes coisas da salvação já foram vencidas? O que mais pode ser tentado? Ele foi salvo uma vez; mas, contudo, supõe-se que está perdido. Como, então, pode ser salvo agora? Há uma salvação suplementar? Há algo que possa superar a Cristo e ser um Cristo ali onde Jesus foi derrotado?
E, então, o apóstolo diz que a grandeza do pecado em que eles incorreriam, se de fato eles recaíssem, os colocaria além do alcance da misericórdia. Cristo morreu, e por Sua morte Ele fez uma expiação por seus próprios assassinos; Ele fez uma expiação por aqueles pecados que O crucificaram uma vez; porém, já lemos alguma vez que Cristo morrerá alguma vez por aqueles que O crucificam duas vezes? Mas o apóstolos nos diz que se os crentes recaírem, eles irão “de novo crucificar o Filho de Deus, e O expor ao vitupério”. Quando, estão, haverá uma expiação para isto? Ele morreu por mim; sim! Ainda que os pecados de todo o mundo estivessem sob os meus ombros, ainda assim esses pecados O crucificariam uma só vez, e essa única crucificação teria expurgado todos aqueles pecados; mas se O crucifico novamente, onde encontrarei o perdão? Poderia os céus, poderia a terra, poderia o próprio Cristo, com as estranhas cheias de amor, me apontar um outro Cristo, me mostrar um segundo Calvário, dar-me um segundo Getsêmani? Ah!, Não! Essa mesma culpa nos poria além do recinto da esperança, se recaíssemos.
Novamente, amados, pensem no que se requer para salvar a um homem assim. Cristo morreu por ele uma vez, todavia, ele recaiu e está perdido; o Espírito o regenerou uma vez, e essa obra regeneradora foi inútil. Deus lhes deu um novo coração (estou falando, claro, apenas sob a suposição do apóstolo), Ele pôs Sua lei nesse coração, todavia, ele se apartou Dele, contrariamente à promessa de que não se apartaria; Ele o fez “como a luz da aurora”, mas ele “não mais brilhará até ser dia perfeito”, ele brilhou somente para a escuridão. O que vem a seguir? Deve haver uma segunda encarnação, um segundo Calvário, um segundo Espírito Santo, uma segunda regeneração, uma segunda justificação, embora a primeira tenha sido terminada e completa – de fato, eu não sei o que vem a seguir. Seria necessário o transtorno de todo o reino da natureza e da graça, e certamente seria um mundo invertido, se o gracioso Salvador, após falhar, tentasse fazer a obra novamente.
Se vocês lerem o versículo 7, verão que o apóstolo chama a natureza em sua ajuda. Ele diz: “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus: Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada”. Olhem! Há um campo; a chuva é derramada sobre ele e é produzido bom fruto. Nem, então, tem a bênção de Deus. Mas, de acordo com a suposição de vocês, há outro campo, sobre o qual desce a mesma chuva, que o mesmo orvalho umedece; ela tem sido arada e preparada, assim como a outra, e o lavrador tem exercitado toda sua arte sobre essa terra e, contudo, não é fértil. Bem, se a chuva do céu não a fertilizou, o que resta? Já se tentou todas as artes da agricultura, os últimos instrumentos têm sido trazidos e postos sobre sua superfície e, contudo, todo tem sido inútil. O que vem a seguir? Não resta nada senão ser queimada e amaldiçoada – será abandonada como o deserto do Saara e destinada à destruição. Assim, meu ouvinte, será possível que a graça opere em ti e, então, não afete tua salvação – que a influência da graça divina possa descer, como a chuva do céu, e, todavia, voltara para Deus vazia? Não haveria então nenhuma esperança para você, porque estarias “perto de ser amaldiçoado”, e teu fim seria “ser queimado”.
Há uma idéia que tem nos ocorrido. Parece-nos uma coisa mui singular que nossos amigos sustentem que os homens podem ser convertidos, feitos novas criaturas, e, então, recaíam e sejam convertidos novamente. Eu sou uma velha criatura por natureza; Deus cria em mim uma nova coisa, me faz uma nova criatura. Eu não posso voltar a ser uma velha criatura, porque meu processo de criação não pode ser revertido. Porém, todavia, suponhamos que minha qualidade de nova criatura não é suficientemente boa para me levar ao céu. O que vem depois disso? Deveria haver algo acima de uma nova criatura: uma nova criatura. Realmente, meus amigos, temos entrado no país dos sonhos; porém, somos forçados a seguir nossos oponentes nesta região de absurdos, pois não sabemos de outra maneira que podemos tratar com eles.
E um pensamento a mais. Não há nada na Escritura que nos ensine que há algum tipo de salvação, exceto a única salvação de Jesus Cristo – nada que nos diga acerca de qualquer outro poder, super-excelente e sobre-passe o poder do Espírito Santo. Estas coisas já tem sido provadas pelo homem e, todavia, de acordo com a suposição, elas falharam, porque eles recaíram. Agora, Deus nunca nos revelou uma salvação suplementar para os homens em quem a única salvação não teve efeito; e até que nos aponte uma passagem da Escritura que declara isto, sustentamos que a doutrina do texto é esta: que se a graça é ineficaz, se a graça não guarda o homem, então, não resta nada, senão que ele deva ser condenado. E o que é isto senão dizer, exceto fazendo-se um pequeno rodeio, que a graça o fará? Assim que estas palavras, em vez de militar contra a doutrina calvinista da perseverança final, forma uma das mais finas provas em favor dela.
E agora, finalmente, chegamos ao ponto de aplicar esta doutrina. Se os cristãos podem recair e deixar de ser cristãos, eles não podem ser renovados para arrependimento. “Mas”, alguém diz, “você diz que eles não podem recair”. Qual é o sentido de colocar este “se” como um bicho-papão para assustar as crianças, ou como um fantasma que não tem uma existência? Meu sábio amigo: “Quem és tu para replicar contra Deus?” Se Deus o colocou ali, Ele o colocou por sábias razões e para excelentes propósitos. Permita-me mostrar o porque. Em primeiro lugar, oh cristão, está posto ali para te guardar de recair. Deus preserva a seus filhos de que recaíam; mas Ele os guarda pelo uso de meios; e um deles é este, os terrores da lei, mostrando-lhes o que aconteceria se eles recaíssem. Ali está um profundo precipício: qual é a melhor forma de evitar que alguém caia nele? Certamente dizer-lhe que se ele cair ali, inevitavelmente será feito em pedaços. Em alguns velhos castelos há um porão profundo, onde há uma grande quantidade de ar e gás fixos, que mataria qualquer pessoa que descesse ali. O que diz o guia? “Se você descer, nunca sairá vivo”. Quem pensaria em descer? O simples fato que o guia nos diga as conseqüências, nos guardaria disso. Nosso amigo tira de perto de nós um copo de arsênico; ele não quer que o bebamos, mas ele diz: “Se você beber, te matará”. Acaso dele supõe por um momento que devemos bebê-lo? Não; ele nos diz as conseqüências, e ele está certo de que não o faremos. Assim Deus diz: “Meu filho, se você cair neste precipício você será feito em pedaços”. O que fará então o filho? Ele diz: “Pai, guarda-me; me sustenha e estarei seguro”. Isto leva o crente a uma maior dependência de Deus, a um santo temor e precaução, porque ele sabe que se recair, ele não poderá ser renovado, e, portanto, se coloca longe do abismo, pois sabe que se cair nele, não haverá salvação para ele. Se pensasse como o arminiano pensa, isto é, que eu posso recair, e então retornar novamente, recairia freqüentemente, porque a carne e o sangue pensariam que é mui agradável recair, e ser um pecador, e ir e assistir as peças no teatro, ou se embriagar, e então voltar para Igreja, e ser recebido novamente como um querido irmão que recaiu por um pequeno tempo. Sem dúvida o ministro diria: “Nosso irmão Charles é um pouco instável às vezes”. Um pouco instável! Ele não conhece nada sobre a graça; pois a graça engendra uma santa preocupação, porque sentimos que se não fôssemos preservados pelo poder divino, pereceríamos. Dizemos a nosso amigo que coloque azeite em sua lâmpada, para que possa continuar a queimar! Isso significa que seria permitido se apagar? Não, Deus lhe dará azeite suficiente para derramar em sua lâmpada continuamente. Como a figura de John Bunyan; há um fogo, e ele viu um homem apagando-o com água. “Agora”, diz o pregador, “não vês que esse fogo vai apagar, que a água está calculada para apagá-lo, e se o apaga, esse fogo nunca voltará a reviver”; porém Deus nunca permitirá isso! Pois há um homem detrás da parede que está derramando azeite no fogo; e esse é motivo de gratidão para nós, pois se o azeite não fosse derramado pela mão celestial, seríamos inevitavelmente levado a destruição. Tome cuidado, então, cristão, porque este é um aviso.
2. É para motivar nossa gratidão. Suponha que você diga ao seu filhinho: “Você sabia, pequeno Tommy, que se eu não te desse o teu almoço e a tua janta, você morreria? Não há ninguém mais para te dar almoço e janta, Tommy”. O que aconteceria, então? A criança não pensará que não vais dar o seu almoço e a sua janta; ele sabe que você dará, e está agradecido contigo por isso. O químico nos diz que se o oxigênio não estivesse misturado com o ar, os animais morreriam. Você supõe por isso que não haverá oxigênio e, portanto, morreremos? Não, ele somente nos ensina a grande sabedoria de Deus, em ter misturado os gases em suas devidas proporções. Um dos antigos astrônomos: “Há uma grande sabedoria em Deus em ter colocado o sol exatamente na distância correta – nem tão longe para que congelemos, e nem tão perto para que sejamos queimados”. Suporá o homem que o sol ficará milhões de milhas mais perto, e, portanto, morreremos queimados? Ele diz: “Se o sol estivesse um milhões de milhas mais longe, morreríamos congelados”. Ele quer dizer que o sol ficará um milhão de milhas mais longe, e, portanto, morreremos congelados? De maneira nenhuma. Todavia, é uma maneira mui racional de nos dizer quão gratos devemos ser a Deus. Assim diz o apóstolo. Cristão! Se você recaísse, nunca poderias ser renovado outra vez para arrependimento. Agradeça, então, a teu Senhor, porque Ele te guarda.
“Veja como se sustém uma pedra no ar; veja como vive uma centelha no mar;
Com vida ainda que rodeada de morte; eu dou toda a glória a Deus”.
Há um cálice de pecado que condenaria tua alma, oh cristão. Oh! Que graça é essa que sustém teu braço, e não permite que o bebas? Ali estás tu, nesta hora, como o caçador de pássaros de Santa Kilda, tu estás sendo levado ao céu por meio de uma só corda; se essa mão que te sustenta te deixar cair, se essa corte corda que te sustém se romper, serás arrojado nas rochas da condenação. Eleve teu coração a Deus, então, e bendiga-O porque Seu braço não se cansa, e nunca está encolhido para que não possa salvar. O Lorde Kenmure, quando estava morrendo, disse a Rutherford: “Homem! Meu nome está escrito na mão de Cristo, e eu o vejo! Sei que o que estou dizendo é um pouco atrevido, mas eu o vejo!” Então, se esse é o caso, Sua mão deve ser arrancada de Seu corpo antes que meu nome desapareça; e se está gravado em Seu coração, Seu coração deve ser extraído antes que possam arrancar meu nome dali.
Então, crente, mantenha-se firme e creia! Tu tens uma “âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu”. Os ventos estão soprando, as tempestades uivando; se o cabo se arrebentar, ou tua âncora quebrar, tu estarás perdido. Veja aquelas rochas, para as quais miríades se dirigem, e tu também naufragarás ali, se a graça te deixar; veja aquelas profundezas, nas quais esqueletos de marinheiros dormem, e tu também dormirás ali, se tua âncora falhar. Seria impossível te amarrar novamente, se essa âncora uma vez quebrar; porque não há outra âncora, não há outra salvação, e se essa salvação falhar, é impossível que sejas salvo alguma vez. Portanto, dê graças a Deus pois tens uma âncora que não pode falhar, e entoe esse hino com grande voz –
“Como poderia me afundar com um sustentáculo,
Como o meu eterno Deus,
Que sustenta os gigantescos pilares da terra,
E estende os céus como cortina?”
Como poderia morrer, se Jesus vive,
Que se levantou dos mortos?
Perdão e graça minha alma recebe,
Da minha Cabeça exaltada”.
[1] – Nota do tradutor: Na versão King James da Bíblia, usada por Spurgeon, aparece o termo “falling away” nesta passagem. Spurgeon está contrastando “falling away” com “falling” [verbo fall: cair].
Um Sermão (Nº 0075) – Pregado na Manhã de Domingo, 23 de Março de 1856 – Na Capela de New Park Street, Southwark Inglaterra –
Traduzido por: Felipe Neto