É permitido ao homem ou a mulher divorciar-se e contrair um novo matrimônio? Deus aprova que alguém se case com uma pessoa divorciada? Para tratar este delicado e controvertido tema, creio ser necessário seguir uma certa ordem metodológica:…
Primeiro, analisar as passagens mais claras e que diretamente tratam do assunto e logo depois estudar aquelas mais difíceis de compreender a luz destas. A revelação no Antigo Testamento aparece gradual e progressiva até chegar a Cristo, que é a revelação de Deus para todos os homens de todos os tempos. Por isso, acho melhor abordar primeiro as passagens do Novo Testamento. Creio que o mais correto é começar pelas palavras de Jesus registradas nos Evangelhos, para logo considerar as passagens do Antigo Testamento à luz delas.
Segundo, enfocar primeiro a regra geral sobre o tema e logo abordar as exceções. Se tratarmos primeiro dos casos que se constituem exceções sem primeiro haver estabelecido a regra, terminaríamos fazendo uma exceção à regra, desvirtuando assim o ensinamento do Senhor.
Terceiro, resolver primeiro o aspecto bíblico do tema e depois o pastoral. Quer dizer, o tratamento pastoral dos casos particulares constitui a segunda instância. Se consideramos os casos sem ter definido o enfoque bíblico, corremos o risco de emitir nossos próprios juízos baseados em raciocínios ou sentimentos humanos e não na Palavra de Deus.
O que disse Jesus sobre este tema
Para seguir a ordem proposta, consideremos primeiro as declarações de Jesus sobre o divórcio e o novo casamento, as que sem dúvidas sejam claras, completas e finais. Trataremos primeiro a regra geral e logo a única exceção assinalada por Jesus e por Moisés.
Nos evangelhos é citada quatro vezes a palavra de Jesus sobre o assunto:
Mc. 10:11-12 – E ele lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. E, se ela repudiar seu marido e casar com outro comete adultério.
Lc. 16:18 – Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério.
Mt. 5:32 – Eu, porém vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de fornicação, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que se casar com a repudiada comete adultério.
Mt. 19:9 – Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra comete adultério ( e o que casar com a repudiada comente adultério).
Como pode se observar, Jesus Cristo estabelece sobre esta delicada questão uma regra geral e uma cláusula de exceção. A exceção à regra é: “a não ser por causa de fornicação”; ou “salvo por causa de fornicação”.
Cabe destacar que nem Marcos nem Lucas incluem a cláusula de exceção; só quem coloca é Mateus nos textos citados. (O fato de que Mateus seja o único a incluir a cláusula de exceção, a meu juízo tem uma razão de ser que mais adiante mencionarei).
A regra geral: Como já assinalei anteriormente, a primeira coisa que devemos ter claro é a regra geral estabelecida pelo Senhor. Logo abordaremos a cláusula de exceção. Parece óbvio que a regra geral abrange os casos daquelas pessoas que se divorciam e se casam de novo sem que exista a causa de “fornicação”, aqueles que se separam porque simplesmente já não se querem mais, ou não se dão bem, ou por outras razões não compreendidas na cláusula da exceção.
Mt. 19:1-12
• Vers. 3 – O ataque dos fariseus
• (não eram bem nascidos) . O propósito aqui é confundir o Senhor e desacreditá-lo diante do povo e assim ter motivos para matá-lo.
• O coração dos fariseus:
Lc. 11.53,54 – 12:1 – Saindo Jesus dali, passaram os escribas e fariseus a argüi-lo com veemência, procurando confundi-lo a respeito de muitos assuntos, 54- com o intuito de tirar das suas próprias palavras motivos para o acusar.1-Posto que miríades de pessoas se aglomeraram, a ponto de uns aos outros se atropelarem, passou Jesus a dizer, antes de tudo, aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
Lc. 20:20-21 – Observando-o, subornaram emissários que se fingiam de justos para verem se o apanhavam em alguma palavra, a fim de entregá-lo à jurisdição e à autoridade do governador. Então, o consultaram, dizendo: Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente e não te deixas levar de respeitos humanos, porém ensinas o caminho de Deus segundo a verdade;
• Os fariseus embora mencionem Moisés nesta conversa com Jesus eles na prática não tinham qualquer compromisso com a lei nesta questão do Casamento, pois se divorciavam por qualquer motivo (Ensino de Hillel > queimasse o jantar, muito sal na comida, se não gostasse do seu cabelo, se ela falasse com algum homem na rua etc.). O Rabino Shammai era mais conservador.
• Vers. 4 a 6 Jesus volta ao princípio da criação
O verdadeiro motivo de Deus, muito antes de Moisés ou qualquer outro. Assim como a Igreja, o casamento também é uma instituição divina, foi Deus que instituiu o casamento.
Não tendes lido…, desde o princípio…, por esta causa…, de modo que…, portanto.
Aqui se dependesse do Senhor, o assunto estaria encerrado.
• Vers 7: Replicaram-lhe: Os fariseus não estavam interessados no plano divino para o casamento mas sim na exceção. Isto acontece com pessoas pecaminosas que querem acomodar suas cobiças e a intenção maligna de seu coração.
A pergunta dos fariseus
Os fariseus foram a Jesus com a seguinte pergunta: “’E lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer coisa?” Mateus, como Marcos, deixa claro que a intenção dos fariseus era tentar (experimentar) Jesus. Queriam surpreender Jesus em alguma contradição com Moisés, a fim de desacreditá-lo como enviado de Deus. Mas Jesus nunca contradisse Moisés. Ele declarou: “não vim para destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mt. 5:17-19). Moisés não falou por sua própria conta, sim da parte de Deus, o mesmo que Jesus. No que se refere à lei moral, Jesus e Moisés coincidem em tudo. Jesus não exigiu uma justiça maior que a de Moisés, sim maior que a dos escribas e fariseus, que faziam uma aplicação tendenciosa e errônea da lei.
A resposta de Jesus
Ante esta pergunta dos fariseus, a resposta de Jesus foi um terminante “não”. E fundamentou seu “não” citando justamente a Moisés no texto de Gn. 2:24. Trata-se da lei fundamental estabelecida por Deus ao instituir o matrimônio: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne.” E Jesus reforçou dizendo: “Assim já não são mais dois, mas uma só carne; portanto o que Deus uniu não o separe o homem”.
(É interessante que Marcos no seu evangelho, ao relatar o mesmo episódio, diz que os fariseus lhe perguntaram “é lícito ao marido repudiar a mulher”, sem adicionar “por qualquer causa”; e a resposta de Jesus em ambos os casos foi a mesma).
O contra-ataque dos fariseus
Diante da resposta negativa de Jesus, os fariseus creram haver descoberto finalmente a Jesus contradizendo a Moisés; perguntaram: “porque, pois, mandou Moisés dar carta de divórcio e repudiá-la?” Como estivesse dizendo: Como é que tu dizes que não quando Moisés diz que sim?
Jesus não ignorava a única exceção que a lei fazia quanto ao divórcio, segundo Dt. 24:1-4 – Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, se ela não achar graça aos seus olhos, por haver ele encontrado nela coisa vergonhosa, far-lhe-á uma carta de divórcio e lha dará na mão, e a despedirá de sua casa. Se ela, pois, saindo da casa dele, for e se casar com outro homem, e este também desprezar e, fazendo-lhe carta de divórcio, lha der na mão, e a despedir de sua casa; ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer; então seu primeiro marido que, a despedira, não poderá tornar a tomá-la por mulher, depois que foi contaminada; pois isto é abominação perante o Senhor. Não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.
Mas os fariseus, amparando-se nessa exceção, (texto que logo analisaremos), haviam convertido a prática do divórcio na alternativa válida e permitida por Deus, e a exceção se havia constituído quase em uma regra geral, tal como sucede também em nossos dias.
Jesus explicou aos fariseus a razão da exceção: “Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas no princípio não foi assim”
Ver Lc. 16:15-18
Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus. A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele. E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei. Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério.
Mc. 10:2-12
Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus. A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele. E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei. Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério.
• Aqui já sem cláusula de exceção pois não era necessária, bastava apenas o verdadeiro ensino de Jesus.
• Não se fala aqui “por qualquer motivo”, mas a resposta não muda.
• Homens e mulheres colocados no mesmo nível de responsabilidade.
• Assim como em Mt. 19 os discípulos voltaram a falar com Jesus sobre o assunto (agora em casa) tamanho foi o impacto que o ensino do Senhor trouxe.
• Jesus não está negociando uma situação sentimental; está sim tratando de um assunto moral
• Jesus não pergunta quem é o culpado, se é ele ou ela, apenas diz quem repudia e casa com outro (a) comete adultério, quem casa com a repudiada (o) comete adultério.
• O que diz Moisés? Dt 22:13-29 – Dt. 24:1-4 (Anulação/corte)
(Ver exemplo de José e Maria em Mt. 1:18-25 – Não quis denunciá-la publicamente por isso ia deixá-la secretamente.)
A exceção de Moisés era no caso de relações antes do casamento (Fornicação – Pornéia)
É importante notar que Jesus nunca disse: “salvo por causa de adultério” (grego:“moicheia”). Sempre disse: “salvo por causa de fornicação” (grego: “porneia”). E quando uma pessoa divorciada se casa com outra nunca diz que cometeu “porneia”e sim “moicheia”.
As mesmas declarações de Jesus impedem de dar a palavra “porneia” em Mt. 5:32; 19:9 o significado de adultério.
Isto explicará o dito por Moisés: “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, se ela não achar graça aos seus olhos, por haver ele encontrado nela coisa vergonhosa, far-lhe-á uma carta de divórcio…”. O homem ao casar-se, o que pode encontrar na mulher algo que seja indecente? O sentido mais provável é que descubra que sua mulher não seja virgem. Quando aparecia este tipo de situação ao casar-se existiam, segundo a lei, dois procedimentos a seguir: Se havia litígio entre o casal, o marido podia defrontar um julgamento público. Se a coisa fosse sem litígio, e ele não a quisesse como esposa, deveria redigir uma carta de repúdio e despedi-la definitivamente.
Os fariseus citaram Moisés, e a Lei – Precisamos compreender o que Moisés pretendia com a Lei
Dt. 22:13-21 – explica o procedimento a ser seguido no caso de litígio entre o marido e a mulher e que requer para sua solução, um julgamento oficial. Se fosse comprovada a inocência da mulher e sua virgindade, ele devia pagar uma multa ao pai dela (100 ciclos de prata) “Ela ficará sendo sua mulher, e ele não poderá mandá-la embora durante a sua vida” (vs 19). (vs 20-21) Mas se fosse comprovado que ela não era mais virgem devia ser apedrejada e morta Dt. 24:1-4 nos fala de outro procedimento quando surgia o problema. Se o marido recém-casado queria anular o casamento “por haver nela algo indecente”, indecência que ela não negava, redigia uma carta de divórcio, que era entregue a ela, e ambos ficavam livres.
Cristo se refere a estes casos ao dizer: “salvo por causa de fornicação”. Quer dizer, apenas nestas circunstâncias é que o homem que se divorcia e que se casa de novo não comete adultério, e se a mulher repudiada se casa com outro não adultera (tão pouco o que se casa com ela).
Dessa maneira, o marido tem outra possibilidade: perdoar e recebê-la como sua esposa.
De modo que o ensinamento de Moisés e a lei de Cristo coincidem. Cristo não contradisse a Moisés, mas o ratifica e esclarece.
Porque Mateus é o único que inclui a cláusula de exceção?
Segundo me parece, como Mateus escreveu o Evangelho para os judeus, toma o cuidado de mencionar a exceção para que não parecesse que havia uma contradição entre Moisés e Jesus. A cláusula de exceção na realidade tem uma utilidade prática muito remota.
Qual era intenção da Lei? – Dt. 22:13-21; 24:1-4
1. Advertir a todas as meninas e donzelas de Israel que mantivessem sua virgindade até o dia de seu casamento.
2. Que se alguma donzela houvera pecado e perdido sua virgindade, sabendo dos riscos que corria, confessasse antes de casar-se seu verdadeiro estado a seu pretendente (o mesmo deveria fazer o varão).
3. Que no caso de que a mulher estivera em falta e ele não a quisesse como esposa, tivesse uma solução pacífica para resolver o conflito sem necessidade de recorrer ao juízo público e à conseqüente pena de morte.
4. Proteger a mulher repudiada para que o homem que a havia repudiado não tivesse dali em diante nenhuma faculdade sobre ela.
5. Deixá-los livres, a ambos, para contrair novo matrimônio, pois praticamente se tratava de uma anulação do casamento recém realizado.
• Vers. 8 e 9: Por causa da dureza do vosso coração…, entretanto não foi assim desde o princípio. A dureza de coração, caracterizada pela falta de perdão era a única razão para a exceção concedida por Moisés, mas que não deve ser encontrada em nenhuma pessoa que se diz discípulo de Cristo, pois temos a mente de Cristo 1 Co 2. 16 . “Aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração. Mt. 11.29. “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Jo 1.17. A permissão dada por Moisés na verdade era para proteger a mulher, pois era sempre quem levava a pior.A questão tratada aqui é Fornicação e não Adultério. Jesus não estava contradizendo a justiça da palavra de Moisés e sim a justiça dos fariseu, que era tendenciosa e maligna.
• Vers. 10: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar. É certo que esses homens entenderam que para Jesus o casamento é indissolúvel. A solução dos problemas conjugais não está em um novo casamento, mas no arrependimento e na reconciliação.
• Vers. 11,12: Nem todos são aptos para receber este conceito… Os eunucos (Ver promessa em Is. 56:4,5
O ensino apostólico
• Rm. 7:2-3 comparar com 1 Co. 7:39
1 Co. 7:10-15 – Se vierem a separar-se que não se casem com outros, ou que se reconciliem.
Não há exceção. O texto mostra que havia irmãos e irmãs casados com incrédulos, pois se haviam convertido nesta situação, pois de outra forma não teriam casado com incrédulos conforme ensino de Paulo em 1 Co. 7:39. A separação aqui é permitida quando a iniciativa for do incrédulo mas nunca com segundo casamento.
As instruções do Apóstolo Paulo
1 Co. 7 – Esta é a passagem mais extensa e quiçá é a única das epístolas que aborda esta questão. Pelo que diz o primeiro versículo, Paulo está respondendo a uma série de questões que lhe haviam feito os irmãos de Corinto. Trata-se de uma das poucas ocasiões que Paulo distingue com clareza o que disse o Senhor e manifesta o seu parecer pessoal.
Enquadrado dentro deste conselho pessoal, Paulo recomenda aos solteiros, as donzelas e aos viúvos que, se tem o dom de continência, sigam seu conselho de manter-se solteiros, porque “o tempo é curto”, e para dedicar-se mais ao Senhor. Mas, deixa muito claro que, se casam “não pecam”; se casam “fazem bem” e que se não casam “fazem melhor”. Mas em nenhum lugar ele disse aos divorciados que se casam não pecam. Nos versículos 10-11 fala da situação dos casados: “Ora, aos casados, ordeno não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-se, que não se case, ou que se reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher.
O Senhor disse claramente “que não se separe”. Mas se a separação vier de toda maneira a se concretizar, seja pela desobediência ao Senhor, ou porque a convivência se tornou impossível, ou porque o cônjuge incrédulo decide separar-se ou divorciar-se; as alternativas são duas: “fique sem casar ou se reconcilie com seu marido”.
A separação é um primeiro mal (ao qual às vezes tem que resignar-se). Contrair um novo matrimônio constituiria um segundo erro, muito mais grave que o primeiro, pois seria, segundo as palavras de Jesus, cometer adultério. Por isso Paulo enfatiza: “mando, não eu, mas o Senhor”.
Nos versos 12-16, o apóstolo aborda uma situação correta: o caso de um casamento em que um dos dois se converte e outro não. Lendo cuidadosamente estes versículos, notamos o seguinte:
1. O cônjuge crente não deve abandonar o não crente.
2. Se o cônjuge não crente se separa, o crente deve aceitar com paz esta situação.
3. Em nenhum lugar deste capítulo diz que o crente abandonado pelo seu cônjuge infiel pode voltar a casar-se.
Os que vêem no versículo 15 liberdade para casar-se com outro, estão extraindo o texto fora do contexto. Nos versos 10 e 11, Paulo deixa bem claro aos que se separam, que devem ficar sem casar.
Aqueles que argumentam que a palavra “corizo” significa “separação por divórcio vincular”, se equivocam pois, o mesmo verbo “corizo” aparece nos versos 10 e 11 do mesmo capítulo, donde fica claro que nenhum dos dois tem liberdade para casar-se de novo. Ademais, o mesmo termo é usado em At. 1:4 “E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem(corizo) de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse, de mim ouvistes.” e 18:1 “Depois disto, deixando (corizo) Paulo Atenas, partiu para Corinto”. Facilmente se constata que não se refere a um divórcio vincular e sim simplesmente a uma “separação”, e às vezes a uma separação temporal como o caso de Onésimo e Filemón. (Fm. v.15).
De modo que a luz das declarações de Cristo, e do que Paulo escreveu em 1 Co. 7:10-11, o versículo 15 se deve interpretar simplesmente que uma mulher crente, abandonada por seu marido incrédulo, não está obrigada a seguir sendo sua esposa, pode ficar só e em paz. Mas o texto não diz que está livre para casar-se com outro homem. Os que tal coisa afirmam, simplesmente o fazem por uma dedução.
O único caso que Paulo explicitamente disse que a mulher está livre para contrair novo matrimônio é no caso da viuvez: “A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar-se com quem quiser, mas somente no Senhor”. 1 Co. 7:39.
Ainda que Paulo em Rm. 7 está falando sobre outro tema, está mostrando o mesmo princípio nos versos 2 e 3: “Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém se morrer o marido, estará livre da lei, e não será adultera se contrair novas núpcias”. Paulo diz aqui claramente o mesmo que Jesus. Não poderia ser de outro modo. A mulher casada, se o marido ainda vive e se casa com outro homem será chamada “adúltera”. Tanto para Jesus como para Paulo a segunda união é adultério.
Rm. 7:2-3 – Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias.
(1 Co. 6.9-10) Não diz a Palavra que os adúlteros não herdarão o reino de Deus?
O ideal é que o marido ame sempre sua esposa como Cristo amou a Igreja. O ideal é que a mulher sempre, com um espírito afável e agradável, respeite a seu marido e se sujeite a ele.O mínimo que Deus exige é que sejamos fiéis a nosso pacto matrimonial e que não cometamos adultério abandonando nosso cônjuge e contraindo novo matrimônio.
O princípio do modelo
O modelo representa alguma coisa:
Êx. 25:4,9; 26:30 – At. 7:44 – Hb. 8:5 – Fp. 3:17
I Tm. 1:16 – Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.
A Igreja é edificada por modelos
Mt.16:18
Ef. 2:19-20 – Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;
O Modelo
Cristo e a Igreja – Ef. 5:22-32
As atitudes ou a conduta de cada cônjuge vistas neste texto, provam que é impossível a separação do casal se cada um fizer a sua parte.
O mais precioso no entanto é que o modelo é Cristo e a Igreja. O Casamento é uma instituição divina – Gn. 2:18-25
Por que Deus nos dá modelos?
Jo. 17:20-23 – Para que o mundo creia em Jesus e para que o Pai seja glorificado em seu Filho.
O Modelo existe para ser visto = o mundo precisa ver para crer! “Que todos sejam uma para que o mundo creia”
Analisemos algumas possibilidades:
Caso 1: Deus permite a um homem divorciar-se de sua esposa e casar-se com outra mulher? Ou a uma mulher divorciar-se de seu marido e casar-se com outro homem?
Resposta: (Não estou interpondo nenhuma explicação ou interpretação humana, somente me limito a transcrever a clara e final resposta de Jesus); “E ele lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. E, se ela repudiar seu marido e casar com outro comete adultério.” Mc. 10:11-12
Caso 2: Ele está permitindo a uma mulher que tenha sido repudiada casar-se com outro? (Cabe a mesma pergunta no caso do homem repudiado por sua mulher).
Resposta: “Eu, porém vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de fornicação, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que se casar com a repudiada comete adultério”. Mt. 5:32 – O que diz a Bíblia de Jerusalém, “a expõe a cometer adultério”
Caso 3: Permite o Senhor que alguém se case com uma pessoa divorciada?
Resposta: Mt. 5.32 – e aquele que se casar com a repudiada comete adultério; e casar com outra comete adultério ( e o que casar com a repudiada comente adultério)
Mt. 19:9 – e àquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério.
Caso 4: Já vimos que se um homem se divorcia de sua mulher e se casa com outra, adultera. Mas, seu adultério libera a sua primeira mulher para casar-se com outro?
Resposta: “Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério.” Lc. 16:18
Qual é a condição espiritual destas pessoas diante de Deus?
Segundo as declarações de Jesus, os que se divorciam e se casam de novo, ou os que se casam com pessoas divorciadas, estão em adultério. Todos os textos reiteram de um modo claro e final.
O grave desta condição é que enquanto as pessoas continuam com esta relação ilícita permanecem em adultério. Jesus, quando se encontrou com a mulher samaritana que estava nesta situação, lhe disse: “Cinco marido tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade” (Jo. 4:17-18).
Argumentos mais comuns para o recasamento
• PERMANECER COMO FOI CHAMADO
1 Co. 7:17-24 . Este texto está tratando de circuncisão e escravidão e está bem de acordo com todo o ensino do apóstolo em todas as suas cartas. Jamais falaria de adultério, pois ai incluiria qualquer outra situação de pecado que a pessoa estivesse quando de sua conversão (homossexualismo, roubo, mentira, idolatria, avareza, bebedice e outros)
Ver 1 Co. 6:9-11 e comparar com At. 17:30-31 . “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.” 1 Jo. 3:9
Os mesmos textos acima servem para os argumentos fortes como: Se eu era incrédulo e não conhecia a vontade de Deus como posso agora ser responsabilizado por isso. Além dos textos acima ver Mc. 8.34,35 ; Mc 1. 14,15
Este padrão de Deus para o casamento foi aplicado também em incrédulos, pois não é um padrão pós conversão mas desde a criação.
Ver os textos de Mc. 6:16-20 e Lc. 3:18-20, aqui vemos um homem cheio do Espírito Santo mencionando a verdade de Deus neste assunto bem como a correta interpretação da Lei de Moisés, e aplicando a verdade a um rei perverso e incrédulo. No AT também temos uma situação bem clara em Gn. 20:1-7
• COMO NO AT OS PATRIARCAS TIVERAM MAIS DE UMA MULHER?
O único modelo que temos a seguir é Jesus Cristo o Filho de Deus, a graça e a verdade vieram por meio dele.
Quanto aos Patriarcas podemos imitá-los em tantas coisas preciosas de suas vidas, mas é certo que não devemos imitá-los em tudo.
Ex. Abraão (podemos imitar sua fé e sua obediência a Deus, mas nem um de nós entregaríamos nossa mulher a um Rei perverso só para livrar-se da morte. Uma verdade a respeito de todos os homens do passado é esta “Não há justo, nem um sequer” Rm. 3:10. Mas Cristo veio e com ele a verdade se tornou conhecida de todos nós. “ Este é o meu Filho amado em quem me comprazo, a ele ouvi. Mt. 17:5
• SE ALGUÉM ESTÁ EM CRISTO É NOVA CRIATURA
2 Co. 5:17 – Este texto examinado a luz do seu contexto (Vers. 14 a 17) não fala outra coisa a não ser que quem está em Cristo é agora uma nova criatura com um novo governo sobre sua vida.
Ver também Gl. 2:19-21
Agora estamos no Reino de Deus
• Essa posição é injusta
Jo. 7:16-18
Considerações e esclarecimentos
– Deus permite a um homem divorciar-se de sua mulher e casar com outra, ou a mulher divorciar-se de seu marido e casar com outro?
R. Não. Ver Mc. 10:11-12
– A mulher ou o homem repudiado (inocente) pode casar com outro?
R. Não. Lc. 16:18
– É permitido a alguém casar com uma pessoa divorciada pensando que mesmo sendo adultério é da outra pessoa (a divorciada) e não meu?
R. Não. Mt. 5:32
Como tratar alguém que estamos evangelizando e sabemos que está em adultério
– Rm. 1:16-17 – diz que o evangelho é poder de Deus para salvar e que a justiça de Deus se revela no evangelho. O importante aqui é primeiramente conduzir a pessoa a Cristo, para que ela veja o Senhor , Sua Glória e Seu amor e a partir desta revelação seja então confrontada com o seu pecado. Mencionar experiência que tive com uma pessoa nesta condição.
– Jo 3:16-21 – A proclamação do evangelho é que vai definir a atitude do coração do perdido para com Deus. Nunca pense que a Palavra do Reino vai destruir alguém ou alguma família, porque destruir é obra de Satanás. A palavra do Reino vem sim para destruir as obras das trevas
– Porque não me falaste antes, assim eu não teria continuado o assunto contigo? Não desanimem em ouvir isto, e tampouco agimos errado quando fazemos assim, como também não foi perda de tempo, e, sim nosso empenho para salvar as vidas. Hb. 4.2. “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos. Rm.1:21-22
Nunca se desvie das pessoas em adultério e não subestime o poder de Deus e de Sua Palavra, resista ao espírito de incredulidade e confie no Senhor.
CONCLUSÃO
“Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia. Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito,assim falo.” Jo. 12:46-50
“Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes”. Jo. 3:17
Fonte: Igreja em São Vicente